Facebook. Zuckerberg inicia audições no Congresso norte-americano

por RTP
Reuters

O fundador do Facebook Mark Zuckerberg começa esta terça-feira a prestar esclarecimentos no Congresso dos Estados Unidos sobre o escândalo que envolve a obtenção de dados de utilizadores daquela reconhecida rede social pela consultora Cambridge Analytica.

Zuckerberg, que assume o cargo de presidente executivo da conhecida rede social, vai ser esta terça-feira ouvido na comissão de Justiça do Senado (câmara alta do Congresso). Na quarta-feira será a vez do fundador do Facebook prestar esclarecimentos na comissão de Comércio e de Energia da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso).

Na véspera do início destas audições no Congresso norte-americano, Mark Zuckerberg revelou um texto que servirá de base à audiência. O fundador da empresa assume que foi um “erro pessoal” ao não ter feito o suficiente para combater os abusos que afetaram a rede social, lançada em 2004.

“Não fizemos o suficiente para impedir que estas ferramentas fossem mal utilizadas (...). Não tomámos uma medida suficientemente grande perante as nossas responsabilidades e foi um grande erro. Foi um erro meu e peço desculpa”, segundo o texto que Zuckerberg irá transmitir ao Congresso.

Erros que estão ligados às "fake news", interferência estrangeira em eleições, discurso de ódio, bem como na privacidade dos dados.
Interferência russa nas eleições: 128 milhões de pessoas atingidas
Na apresentação que fará perante o Comité de Energia e Comércio, quarta-feira, Zuckerberg elenca o que se passou com o escândalo da Cambridge Analytica e o que a rede social está a fazer para corrigir a situação e aumentar a segurança dos dados pessoais dos utilizadores. Medidas que a empresa já tinha apresentado publicamente.

O fundador do Facebook revela ainda o que está a ser feito no caso da interferência russa nas eleições norte-americanas. Assume que a empresa foi "muito lenta a detetar e a responder à interferência russa". Garante que estão a trabalhar com o Governo para perceber a extensão dessa interferência.

Revela que a campanha de desinformação conduzida pela IRA (Internet Research Agency), uma agência russa que tem tentado manipular pessoas nos Estados Unidos, Europa e EUA, teve 470 contas e páginas associadas que geraram carca de 80.000 posts no Facebook num período de dois anos.

"A nossa melhor estimativa aponta para que 126 milhões de pessoas tentam recebido conteúdo de uma página de Facebook associada à IRA nesse período", diz Zuckerberg. Os cálculos apresentados indicam que através do Instagram, mais 20 milhões de pessoas tenham sido atingidas.

A IRA gastou 100.000 dólares em mais de três mil anúncios no Facebook e Instagram, chegando a 11 milhões de pessoas nos EUA. "Fechámos as contas associadas ao IRA em agosto de 2017", garante.
Zuckerberg diz que vai aumentar o pessoal encarregue da segurança e revisão de conteúdo. São atualmente 15 mil e vão passar a ser 20 mil no final deste ano.
Considerando que a empresa devia ter detetado estas movimentações mais cedo, Zuckerberg garante que estão a criar nova tecnologia para prevenir abusos, desde 2016. Diz que fecharam 30 mil contas falsas em França na altura da eleição presidencial em 2017. Na semana passada, Zuckerberg diz que foram fechadas novas contas da IRA, cerca de 270, que estavam a ser usadas para atingir países como Azerbeijão e Ucrânia.

No documento agora tornado público, Zuckerberg diz estar ciente de que vai ser confrontado com perguntas duras.
Esclarecimentos fora da Europa
Na sequência deste escândalo, outros órgãos nacionais e internacionais solicitaram a presença de Mark Zuckerberg para prestar esclarecimentos. Foi o caso do Parlamento Europeu e do Parlamento do Reino Unido. Nos dois casos, o convite foi, até à data, recusado.

Na sexta-feira, a Comissão Europeia afirmou ter tido indicações do Facebook que dados de “até 2,7 milhões” de utilizadores daquela rede social a residir na União Europeia poderiam ter sido transmitidos de “maneira inapropriada” à empresa britânica Cambridge Analytica.

Em Portugal, o número de utilizadores afetados poderá rondar os 63.080.

O Facebook está no centro de uma polémica internacional associada com a empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de milhões de utilizadores daquela rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, nomeadamente nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, que ditaram a nomeação de Donald Trump para a Casa Branca, e no referendo sobre o ‘Brexit’ (processo de saída do Reino Unido da União Europeia).

Inicialmente foi avançado que o número de utilizadores afetado rondava os 50 milhões. Dias mais tarde, o Facebook admitiu que o número ascendia aos 87 milhões de utilizadores.

c/Lusa
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