Faixa de Gaza. Pelo menos 32 palestinianos morreram, incluindo seis crianças

por Andreia Martins - RTP
Imagem do funeral de Mohammed Hassouna, uma das crianças palestinianas que morreu na sequência da recente escalada de violência na região. Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

A investida das forças israelitas contra o grupo Jihad Islâmica na Faixa da Gaza provocou pelo menos 32 mortos, incluindo seis crianças, indicam as autoridades palestinianas. Telavive diz ter abatido Tayssir Al-Jabari e Khaled Mansour, os principais líderes do movimento palestiniano. Em resposta a estes ataques, foram disparados quase 600 rockets contra Israel, com praticamente todos a serem intercetados pelo sistema de defesa antiaérea “Iron Dome”.

É a escalada de violência mais grave no conflito israelo-palestiniano dos últimos meses. Desde sexta-feira, Israel eliminou dois importantes líderes e neutralizou combatentes da Jihad Islâmica num “ataque preventivo” na Faixa de Gaza.

De acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, pelo menos 32 pessoas morreram, incluindo seis crianças. Cerca de 260 pessoas ficaram feridas na sequência dos ataques dos últimos três dias.

Israel, por sua vez, diz ter provas “irrefutáveis” de que a morte das crianças e civis foi provocada pelos rockets disparados pela própria Jihad Islâmica. Keren Hajioff, porta-voz do Governo israelita, indica que estas mortes foram provocadas por míssil disparado em direção a Israel “que caiu dentro de Gaza, atingindo uma casa palestiniana no bairro de Jabalya”.

“Não houve qualquer atividade israelita na Faixa de Gaza, naquela zona ou naquele momento. A Jihad Islâmica está a matar crianças em Gaza. Um em cada quatro mísseis disparados de Gaza contra Israel cai dentro da Faixa de Gaza”, acrescenta a responsável.
97% dos rockets foram intercetados

O exército israelita indicou este domingo que foram lançados pelo menos 585 rockets desde Gaza na direção de Israel. Destes, 470 chegaram a Israel e 115 caíram na própria Faixa de Gaza, adiantam as autoridades israelitas. O sistema de defesa antiaérea “Iron Dome” intercetou 97% dos rockets lançados, tendo os restantes caído em áreas despovoadas. Ainda assim, acordo com a agência France Presse, duas pessoas ficaram feridas do lado israelita.
As autoridades israelitas confirmaram nas últimas horas que bombardearam 139 alvos da Jihad Islâmica em Gaza, incluindo instalações de fabrico e armazenamento de armas, locais de lançamento de rockets e uma suposta rede de túneis usada pelo grupo.

Esses ataques provocaram a morte de pelo menos nove membros da milícia Jihad Islâmica, incluindo os dois principais líderes Khaled Mansur e Taysir al-Jabari. Foram ainda detidos cerca de 20 membros do grupo.

O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, indicou hoje que a operação em Gaza irá continuar “até ser necessário”, elogiando o trabalho “extraordinário” após a morte dos dois líderes do braço armado da Jihad Islâmica.

O que é a Jihad Islâmica?

O atual pico de tensão que se vive agravou-se na sequência da detenção de Bassem Saadi, alto dirigente da Jihad Islâmica palestiniana. Israel indica ter lançado o ataque "preventivo" em Gaza por receio de ações de retaliação por parte do grupo.

A Jihad Islâmica palestiniana foi fundada em 1981 com o objetivo de estabelecer o estado palestiniano na Cisjordânia ocupada, Gaza e também outros territórios que pertencem a Israel. O grupo, com ligações ao Irão, não tem a força e as capacidades técnicas do Hamas - movimento predominante na Faixa de Gaza - mas tem um arsenal significativo de armas de pequena dimensão e um braço armado: as brigadas al-Quds.

Até ao momento, o Hamas tem-se mantido à margem do conflito, mas já veio condenar os ataques israelitas, considerando que Telavive “está novamente a cometer crimes” e alertando que as constantes “incursões” israelitas poderão levar a uma situação “incontrolável”.

Esta é a escalada de violência mais significativa desde maio de 2021. Na altura, o conflito de 11 dias entre as forças israelitas e as forças palestinianas provocou mais de 270 mortos, a grande esmagadora maioria do lado palestiniano.

Com a evolução dos acontecimentos, cinco países que atualmente fazem parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas – Emirados Árabes Unidos, China, França, Irlanda e Noruega – solicitaram este domingo uma reunião de emergência.
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