FBI e MI5 alertam: "China é a maior ameaça de longo prazo à nossa economia e segurança"

por RTP
Em comparação com 2018, o MI5 tem sete vezes mais investigadores relacionados com atividades do Partido Comunista Chinês. Thomas Peter - Reuters

Os departamentos de segurança dos Estados Unidos e do Reino Unido juntaram-se na quarta-feira para lançar um aviso: "o Governo chinês é a maior ameaça de longo prazo à nossa economia e segurança nacionais", tendo já interferido na área política, incluindo em eleições recentes.

O diretor do FBI, Christopher Wray, alertou que se a China tomar Taiwan à força “isso representaria uma das mais horríveis interrupções de negócios a que o mundo já assistiu”.

O responsável pelo Departamento Federal de Investigação dos EUA citou um estudo recente da Universidade de Yale, segundo o qual as empresas ocidentais perderam 59 mil milhões de dólares como resultado da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “E, se a China invadir Taiwan, podemos ver o mesmo novamente, mas a uma escala muito maior”. Esta foi a primeira aparição conjunta de Christopher Wray e Ken McCallum e teve lugar na sede do MI5, em Londres.

“Já vimos a China a procurar maneiras de isolar a sua economia contra possíveis sanções, a tentar proteger-se de danos caso faça algo que atraia a ira da comunidade internacional”, lembrou Wray. “No nosso mundo, chamamos a esse tipo de comportamento uma pista”.

Dirigindo-se à audiência, que incluiu diretores de empresas e figuras académicas, o líder do FBI alertou ainda que o Governo de Pequim “está pronto para roubar a vossa tecnologia”. “Representa uma ameaça ainda mais séria para as empresas ocidentais do que muitos empresários sofisticados sequer percebem”, vincou.
MI5 com sete vezes mais investigadores devido à China
Já Ken McCallum, diretor do MI5 (serviço de inteligência britânico), frisou que a sua agência mais do que duplicou os trabalhos contra a atividade chinesa nos últimos três anos. E, em breve, deverá voltar a duplicá-los, avisou.

“A suposição generalizada ocidental de que a crescente prosperidade da China e o aumento das ligações com o Ocidente levariam automaticamente a uma maior liberdade política veio a revelar-se completamente errada”, considerou McCallum. Em comparação com 2018, o MI5 tem agora sete vezes mais investigadores relacionados com atividades do Partido Comunista Chinês.

O Partido Comunista Chinês está interessado nos nossos sistemas democráticos, legais e mediáticos. Não para os imitar, infelizmente, mas para os usar para sua vantagem”.

Christopher Wray citou investigações recentes do FBI à atividade de inteligência chinesa, incluindo os alegados esforços para atingir um candidato ao Congresso em Nova Iorque que possuía laços com os protestos de Tiananmen, em 1989.

Referiu ainda casos de pessoas ligadas a empresas chinesas que, residindo em áreas rurais dos Estados Unidos, tiveram acesso a sementes geneticamente modificadas que teriam custado à China milhares de milhões de dólares e demorado quase uma década a desenvolver.

Noutro exemplo, Ken McCallum mencionou um especialista britânico de aviação a quem Pequim ofereceu uma oportunidade de emprego. O homem viajou até à China duas vezes para saber mais sobre a oferta, até que lhe foi solicitado que fornecesse informações técnicas sobre aeronaves militares pela empresa que, na verdade, serviria de fachada para funcionários da Inteligência chinesa.
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