Fernando Rocha Delgado defende "equilíbrio nacional" e reforço da democracia

por Lusa

O candidato a Presidente da República de Cabo Verde Fernando Rocha Delgado defendeu, em entrevista à Lusa, uma "nova germinação" para um equilibro entre todas as classes sociais no país e um reforço da democracia, estimulando os jovens.

"Decidi concorrer a Presidente da República por causa do desequilíbrio nacional, em todas classes sociais e que o país precisa uma nova germinação", disse o candidato, quando questionado sobre os motivos da sua candidatura nas eleições do próximo domingo.

Fernando Rocha Delgado, de 40 anos, é natural da Ribeira Grande, em Santo Antão, licenciado em Engenharia Naval e mestre em Direito Marítimo e Comércio Internacional, trabalhando atualmente como engenheiro de máquinas em navios cabo-verdianos e estrangeiros.

Sendo um dos sete candidatos ao cargo, disse que a sua candidatura se distingue das outras por ter como objetivo reforçar a democracia e estimular os jovens ao espírito de liderança e responsabilidade, e que luta pelo equilíbrio nacional.

Questionado pela Lusa sobre qual seria um bom resultado nestas eleições, Fernando Rocha Delgado respondeu que é a vitória, sublinhando que seria uma resposta do esforço.

Relativamente à concentração de poder em Cabo Verde (MpD/PAICV - Carlos Veiga/José Maria Neves), o candidato presidencial entendeu que ainda se mantém nesses dois partidos por causa do fanatismo dos mais velhos.

"Mas, sinceramente, os jovens estão desencantados da política, por causa da ilusão que os políticos fazem", completou, prometendo, caso seja eleito, ser ainda um "bom árbitro fiel" e um "bom moderador".

"E sem falar que seria o pilar da justiça cabo-verdiana, fiscalizando os tribunais, assim como um bom Comandante Supremo das Forças Armadas, procurando sempre consensos e um bom diálogo", sustentou.

Questionado se, numa segunda volta em que não esteja incluído, admite apoiar publicamente algum dos dois candidatos, Fernando Rocha Delgado responde de pronto que não, e explica: "Sou independente, e já confirmei isso em várias entrevistas, e com isso não estou a dizer que não votaria, voto sim, mas não apoiaria ninguém publicamente".

Fernando Rocha Delgado apelou aos eleitores para irem às urnas e votarem no candidato que lhes transmite confiança.

"E sem dúvidas eu tenho uma melhor potencialidade para este cargo, não por ser capaz, mas sim pela minha forma humilde de tratar qualquer ser humano, um homem que não tem sede de poder, mas sim um homem que quer o seu povo bem", terminou.

Cabo Verde realiza eleições presidenciais em 17 de outubro de 2021, às quais já não concorre Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.

O Tribunal Constitucional admitiu as candidaturas a estas eleições de José Maria Pereira Neves, Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, Hélio Sanches, Joaquim Jaime Monteiro e Casimiro de Pina.

Esta é a primeira vez que Cabo Verde regista sete candidatos oficiais a Presidente da República em eleições diretas, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.

A campanha eleitoral decorre até às 23:59 de 15 de outubro e em caso de uma segunda volta, vai acontecer em 31 do mesmo mês.

De acordo com a Constituição de Cabo Verde, o Presidente da República é eleito por sufrágio universal e direto pelos cidadãos eleitores recenseados no território nacional e no estrangeiro.

Só pode ser eleito Presidente da República o cidadão "cabo-verdiano de origem, que não possua outra nacionalidade", maior de 35 anos à data da candidatura e que, nos três anos "imediatamente anteriores àquela data tenha tido residência permanente no território nacional".

Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) e por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 -- 2001), o primeiro por eleição direta, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.

As últimas presidenciais em Cabo Verde, que reconduziram o constitucionalista Jorge Carlos Fonseca como Presidente da República, realizaram-se em 02 de outubro de 2016 (eleição à primeira volta, com 74% dos votos).

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