Sentado no sofá, com o agora habitual fato de treino azul-escuro. Diante de Fidel, o Presidente da República portuguesa. O pedido de Marcelo Rebelo de Sousa foi aceite e o encontro concretizou-se. Segundo o jornal oficial do Partido Comunista de Cuba, o líder histórico do regime agradeceu a Portugal a oposição ao embargo norte-americano num encontro “amistoso”.
O destaque principal vai para o histórico encontro entre Fidel Castro e Marcelo Rebelo de Sousa. Um texto, acompanhado de uma fotografia deste momento inédito, dá conta da realização de um encontro “amistoso”, no qual foram abordados “diversos temas da agenda internacional” e as relações de “amizade” entre as duas nações.
A visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Havana acontece precisamente no momento em que a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou o fim do embargo económico a Cuba.
A resolução é anualmente apresentada por Cuba e validada nas Nações Unidas. A grande novidade é que Israel e os Estados Unidos se abstiveram, em vez do habitual voto contra. A resolução foi assim aprovada por 191 dos 193 países membros, tendo obtido duas abstenções e nenhum voto contra.
O Chefe de Estado português tinha já referido publicamente que era contra o embargo, sublinhando que essa é uma postura constante de Portugal, que não varia consoante o Governo.
Segundo o Granma, esta mesma posição foi reiterada pelo Presidente no encontro com Fidel Castro, motivando um agradecimento por parte do histórico cubano.
“O camarada Fidel agradeceu esta atitude de Portugal para com a nossa pátria, sublinhando a firmeza do povo do nosso país, disposto a não esquecer os custosos danos humanos e económicos provocados pelo bloqueio”, lê-se na notícia publicada ainda na quarta-feira.
O artigo dá ainda conta de que Fidel Castro “reiterou o cariz brutal e desumano dessa política que o povo de Cuba jamais aceitará”.
O jornal ilustra o "amistoso encontro" com uma fotografia em que Fidel Castro aparece com o tradicional fato de treino azul-escuro. O histórico líder cubano apresenta-se sentado e sorridente, junto ao Presidente português.
Raúl depois de Fidel
Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se também com Raul Castro, irmão de Fidel e atual presidente do Conselho de Estado e de ministros de Cuba. O encontro serve de tema ao outro artigo publicado no Granma.
O diário comunista refere que, “num ambiente de cordialidade”, os dois dirigentes falaram sobre “o bom estado das relações bilaterais” e manifestaram a vontade de as incrementar, quer em termos económicos e comerciais, como de cooperação.
Raúl Castro e Marcelo Rebelo de Sousa discutiram ainda temas da agenda internacional, que não são especificados no artigo do Granma.
Reportagem de Natália Carvalho – Antena 1
O Presidente português foi recebido com honras militares no Palácio da Revolução, tendo o encontro com Raúl Castro sido seguido de um jantar reservado e sem declarações à comunicação social.
Na comitiva de Marcelo Rebelo de Sousa seguem a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Teresa Ribeiro, e representantes dos principais partidos, à exceção do Bloco de Esquerda. Toda a delegação foi cumprimentada por Raúl Castro.
O deputado comunista António Filipe teve direito a uma saudação mais demorada, tendo o parlamentar e o líder cubano trocado algumas palavras.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou ainda a viagem a Havana para depositar uma coroa de flores no monumento nacional dedicado ao mártir da independência de Cuba José Martí. Um momento que também mereceu um artigo no jornal oficial do Partido Comunista de Cuba.
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