Fim do impasse. Presidente sul-coreano detido para interrogatório

por Andreia Martins - RTP
Yoon saiu da residência presidencial sem ser algemado mas seguiu para interrogatório numa viatura com escolta policial Korea Pool via AFP

Yoon Suk Yeol tornou-se no primeiro líder sul-coreano a ser detido ainda em funções. Foi levado esta quarta-feira para interrogatório, após quase duas semanas de impasse entre a guarda presidencial e as autoridades do país. Em causa está a decisão de declarar a lei marcial no país a 3 de dezembro, motivo pelo qual Yoon enfrenta investigações criminais.

Desde 3 de janeiro que as autoridades procuravam deter o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol. Na primeira tentativa, a guarda presidencial bloqueou a entrada de cerca de 150 investigadores. Esta quarta-feira, regressaram à residência presidencial em muito maior número,  acompanhados por polícia e munidos de escadas e ferramentas para ultrapassar as barricadas instaladas. Desta vez, não houve resistência evidente.

O mandado de detenção ocorreu pelas 10h30 locais (1h30 em Lisboa).

Yoon Suk Yeol chegou a acordo com os investigadores que o procuravam deter. Saiu da residência presidencial sem ser algemado mas seguiu para interrogatório numa viatura com escolta policial.

Numa mensagem de vídeo de vídeo divulgada nas últimas horas, Yoon Suk Yeol considerou que a investigação em curso e o mandato de detenção de que foi alvo são ilegais, mas revela que aceitou ir a interrogatório para evitar um confronto “sangrento” entre a guarda presidencial e a polícia.

O presidente deposto da Coreia do Sul tem estado barricado no complexo presidencial, em Seul, desde que foi alvo de impeachment no Parlamento, a 14 de dezembro.
Em silêncio nas primeiras horas de interrogatório
Yoon Suk Yeol enfrenta agora interrogatório no Gabinete de Investigação de Corrupção para Altos Funcionários
, uma agência situada em Gwacheon, nos arredores de Seul, que investiga autoridades ao mais alto nível e que pode encaminhar casos para o Ministério Público.
A agência, que investiga o papel do presidente deposto na declaração da lei marcial, a 3 de dezembro, preparou mais de 200 páginas de perguntas para fazer a Yoon Suk Yeol e tem apenas 48 horas para o fazer. Pode, após interrogatório, emitir um mandato judicial para nova detenção que pode ir até 20 dias.

O interrogatório não será gravado em vídeo a pedido do presidente deposto, segundo indicou um funcionário. Um responsável do Gabinete de Investigação da Corrupção indicou esta quarta-feira que Yoon está "a exercer o seu direito de permanecer em silêncio" nas primeiras horas de interrogatório.

Em causa nesta investigação está a declaração da lei marcial, a 3 de dezembro. O decreto foi revogado pela Assembleia Nacional poucas horas depois da declaração do presente, mas a decisão foi suficiente para mergulhar a Coreia do Sul na pior crise política em várias décadas.

A oposição acusou-o de insurreição, ao ter enviado militares com o intuito de invadir de invadir o Parlamento.
Processo de impeachment prossegue
Na sequência da declaração da lei marcial, a Assembleia Nacional destituiu Yoon Suk Yeol a 14 de dezembro. Desde o impeachment, os poderes presidenciais estão suspensos, mas Yoon mantém-se em funções até que o Tribunal Constitucional efetive a destituição.

Na terça-feira, dia 14 de janeiro, teve lugar a primeira audiência formal no tribunal com vista a tomar uma decisão quanto à destituição definitiva. A sessão teve apenas alguns minutos, uma vez que Yoon não compareceu, alegando “preocupações com segurança e potenciais incidentes”.

O Tribunal Constitucional deveria levar a cabo mais cinco audiências relacionadas com a deposição até ao início de fevereiro. A próxima sessão estava marcada para esta quinta-feira, sendo por esta altura incerto se irá ocorrer como planeado, dada a detenção de Yoon para interrogatório.

Estes procedimentos relacionados com o impeachment estão legalmente separados da investigação por insurreição em curso.

c/ agências
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