Finlândia e Suécia entregaram pedido de adesão à NATO

por Cristina Sambado - RTP
Johanna Geron - EPA

Os embaixadores da Finlândia e da Suécia junto da NATO entregaram esta quarta-feira os pedidos de adesão dos dois países à organização. Estocolmo e Helsínquia quebraram assim a neutralidade histórica. O secretário-geral da Aliança Atlântica classificou o momento como "histórico".

Hoje é um bom dia, num momento crítico para a nossa segurança. Muito obrigado por apresentarem as candidaturas para a adesão final da Finlândia e Suécia à NATO”, afirmou Jens Stoltenberg, ladeado pelos embaixadores da Finlândia e da Suécia junto da Aliança Atlântica, Klaus Korhonen e Axel Wernhoff.

Para o secretário-geral da NATO, as candidaturas são “um passo histórico”, acrescentando que “cada Nação tem o direito de escolher o seu caminho. Ambas fizeram a vossa escolha dos minuciosos processos democráticos”.
A entrega das candidaturas de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte  põe termo à posição histórica dos dois países nórdicos de neutralidade e de não-alinhamento.
“E acolho de bom grado os pedidos da Finlândia e da Suécia para aderirem à NATO”, acrescentou Jens Stoltenberg.

Numa breve cerimónia no quartel-general da Aliança, o secretário-geral recordou que a adesão dos dois países “vai aumentar nossa segurança partilhada”.

O secretário-geral da organização garantiu que os 30 países-membros da NATO estão determinados em “trabalhar em todas as questões” do processo de alargamento e em “alcançar conclusões rápidas”, isto numa altura em que a Turquia ainda coloca obstáculos à adesão de Suécia e Finlândia.
Jens Stoltenberg frisou ainda “que os aliados estão de acordo quanto à importância do alargamento da NATO. E todos concordamos que este é um momento histórico, que devemos agarrar”.Os governos sueco e finlandês tomaram a decisão de aderir à NATO no contexto da invasão russa na Ucrânia, invocando a necessidade de reforçar a segurança.

A adesão à NATO obriga o país candidato a um verdadeiro exame de entrada, durante o qual deve convencer todos os atuais 30 Estados-membros, onde figura Portugal, do seu contributo para a segurança coletiva e da sua capacidade de cumprir as obrigações.

Já se sabe que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se opõe à adesão dos dois países à NATO, invocando o argumento de que suecos e finlandeses dão abrigo a uma "organização terrorista", nomeadamente o PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Já o Governo português manifestou publicamente por diversas vezes o seu apoio à adesão dos dois países nórdicos, e na passada segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse esperar que a aprovação política do alargamento da NATO se concretize ainda antes da cimeira de líderes da Aliança agendada para o final de junho, seguindo-se o processo de ratificação, que Portugal quer concluir sem demoras.
Exercícios da NATO
A Aliança Atlântica está a realizar, até 31 de maio, a atividade de vigilância NEPTUNE SHIELD 2022 (NESH22), que integra capacidades de ataque marítimo expedicionário de alto nível de bens Marítimos, Aéreos e Terrestres, nos mares Báltico, Adriático e Mediterrâneo.A participação portuguesa inclui 14 membros do pessoal da STRIKFORNATO e o avião da Força Aérea Portuguesa P 3 C+.

Em apoio ao Comando da Força Conjunta Aliada Brunssum e ao Comando da Força Conjunta Aliada Nápoles, a NESH 22 é a fase de execução de uma longa série de atividades conhecida como Projeto Neptuno, conceptualizada em 2020.

Como atividade quotidiana, a NESH 22 envolverá a participação de múltiplas Nações. Entre as quais estão Albânia, Bulgária, Croácia, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Letónia, Lituânia, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Espanha, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos da América.
A relação da Suécia com a NATO

Embora, pelo seu estatuto de neutralidade, a Suécia não tenha participado ativamente em nenhuma guerra desde 1814 (guerra sueco-norueguesa), as suas Forças Armadas têm colaborado em diversas operações internacionais de manutenção de paz, nomeadamente com a NATO.

Eis algumas referências para compreender melhor a cooperação da Suécia com a NATO e o poder militar deste país nórdico:

  • A cooperação da Suécia com a NATO começou em 1994, quando aquele país nórdico aderiu ao programa Parceria para a Paz e, três anos mais tarde, ao fórum multilateral do Conselho de Parceria do Euro-Altântico.

  • Recentemente, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, destacou a Suécia como sendo um dos países não membros que tem mantido uma das relações mais ativas com a Aliança Atlântica.

  • A Suécia participou ativamente na Missão de Apoio Resoluto da NATO no Afeganistão, bem como na Força Kosovo (KFOR) e na missão da Aliança na guerra do Iraque.

  • A Suécia participou em diversas operações militares com países da União Europeia (UE), bem como em iniciativas de programas internacionais de Força Aérea, incluindo o programa Strategic Airlift Capability e o Strategic Airlift Internacional Solution.

  • A Suécia tem participado em numerosas operações de treino militar em vários países europeus, através do seu Centro Internacional das Forças Armadas Suecas (SWENDINT).

  • Em 1995, a Suécia enviou um batalhão para as forças de manutenção de paz da NATO na Bósnia Herzegovina, repetindo esse gesto, em 1999, no Kosovo.

  • Em 2011, a Suécia contribuiu para a Operação de Proteção Unificada da NATO na Síria.

  • Neste momento, a Suécia é um dos seis países que participam na iniciativa Parceria de Interoperacionalidade da NATO, participando em várias operações conjuntas de manutenção de paz.

  • Num território com dez milhões de habitantes, a Suécia dispõe de 38 mil militares, incluindo 16 mil soldados no ativo, bem como 10 mil na reserva e 12 mil na guarda civil.

  • O Exército da Suécia conta com 121 tanques de guerra, três veículos blindados e 48 peças de artilharia.

  • A Marinha da Suécia conta com sete corvetas, cinco submarinos e 161 navios de patrulha.

  • A Força Aérea da Suécia conta com 71 aviões de caça, seis aviões de transporte, quatro brigadas de forças especiais e 53 helicópteros.

  • O orçamento da Suécia para a Defesa é de cerca de 8,5 mil milhões de euros.
A capacidade militar da Finlândia

Helsínquia mantém há vários anos um relacionamento sistemático e regular com a Aliança Atlântica, participando em operações conjuntas de manutenções de paz.

  • A cooperação da Finlândia com a NATO começou formalmente em 1994, quando o país nórdico aderiu ao programa Parceria para a Paz, aprofundando-se, três anos mais tarde, com a participação no fórum multilateral do Conselho de Parceira do Euro-Altântico.

  • Em 1996, a Finlândia participou pela primeira vez numa operação militar liderada pela NATO, contribuindo para um batalhão de manutenção da paz na Bósnia Herzegovina.

  • Nos últimos anos, a Finlândia tem participado regularmente em operações militares com países da União Europeia, bem como em iniciativas de programas internacionais de Força Aérea, incluindo o programa Strategic Airlift Capability e o Strategic Airlift Internacional Solution.

  • A partir de 2002, os soldados finlandeses colaboraram com as forças da NATO no Afeganistão.

  • Neste momento, a Finlândia é um dos seis países que participam na iniciativa Parceria de Interoperacionalidade da NATO, participando em várias operações conjuntas de manutenção de paz.

  • A Finlândia tem um exército regular de 280 mil soldados, aptos para combate, para além de 600 mil reservistas, num território que tem apenas 5,5 milhões de habitantes; o exército profissionalizado conta com 13 mil soldados.

  • O Exército finlandês conta com três brigadas de resposta rápida; duas brigadas e um batalhão Jaeger (forças especiais); dois grupos de batalha mecanizados; seis brigadas de infantaria; 14 batalhões independentes; 28 forças territoriais.

  • A Marinha finlandesa conta com dois grupos de frota de batalha; três grupos de batalha costeira; um grupo de batalha Jaeger (forças especiais).

  • A Força Aérea finlandesa inclui três esquadrões de batalha e quatro bases operacionais.

  • Após a invasão russa da Ucrânia, o Governo finlandês decidiu aumentar em dois mil milhões de euros o seu orçamento para Defesa, que era até agora de 2,8 mil milhões de euros.

  • Este aumento orçamental vai permitir às Forças Armadas da Finlândia um reforço de 1,74 mil milhões de euros em material militar, incluindo armas, bem como 163 milhões de euros em equipamento de vigilância aérea.

  • Neste momento, a Finlândia dispõe de um arsenal militar que inclui 239 tanques de guerra, 60 mísseis ar-terra, 2.685 lança mísseis antitanque e 62 aviões de caça, para além de cerca de 400 mil armas de assalto.

c/ agências
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