França "preocupada" com encerramento de portal de notícias de Hong Kong

por Lusa

A França manifestou hoje "preocupação" com as operações das autoridades de Hong Kong que ditaram o encerramento do portal de informação `online` Stand News, que gerou uma onda de indignação internacional contra Pequim.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês sustentou que estes acontecimentos recentes na Região Administrativa Especial chinesa geram preocupação, na sequência do encerramento do jornal Apple Daily em junho e da condenação do seu fundador, Jimmy Lai.

"A França reafirma o seu compromisso constante e determinado com a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão e a proteção dos jornalistas e de todos aqueles cuja expressão contribua para uma informação livre e plural e para o debate público, em todo o mundo", pode ler-se.

A diplomacia francesa apelou ainda ao respeito pelo princípio `um país, dois sistemas` e pela lei básica de Hong Kong, que "garantem o elevado grau de autonomia do território e o respeito pelas liberdades fundamentais, o Estado de direito e a independência da justiça".

A polícia de segurança nacional de Hong Kong acusou hoje de sedição duas pessoas detidas na quarta-feira numa operação contra o portal de notícias local Stand News, de acordo com um comunicado.

A polícia "acusou formalmente dois homens, de 34 e 52 anos, e uma empresa de comunicação social `online`, de conspiração para fazer uma publicação sediciosa [contestação contra a autoridade]", afirmou a polícia, sem identificar as duas pessoas.

De acordo com `media` da região semiautónoma chinesa, trata-se do editor Patrick Lam e do antecessor Chung Pui-kuen, detidos na quarta-feira com outras cinco pessoas, também ligadas ao Stand News.

Os restantes detidos "permanecem sob custódia para investigação adicional", disse a polícia.

O Stand News, fundado em 2014 e muito ativo durante os protestos antigovernamentais no território em 2019, anunciou na quarta-feira que ia encerrar e despedir todos os funcionários, na sequência da operação das autoridades, que congelaram os bens da publicação.

A China criticou hoje as reações ocidentais ao encerramento deste portal independente de Hong Kong, considerando-as irresponsáveis e reafirmando que ninguém "tem o direito de interferir nos assuntos" daquele território chinês.

"Algumas forças estrangeiras, sob o pretexto de defenderem a liberdade de imprensa, envolveram-se numa linguagem irresponsável", disse em Pequim o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, citado pela agência de notícias France-Presse.

Zhao reagia a críticas da União Europeia, do Canadá e dos Estados Unidos da América ao encerramento do Stand News, frequentemente ligado ao movimento pró-democracia de Hong Kong, depois de os seus sete jornalistas terem sido detidos.

A antiga colónia britânica de Hong Kong foi integrada na República Popular da China em 1997, com o estatuto de Região Administrativa Especial, que lhe garantia um elevado grau de autonomia, semelhante ao que foi atribuído, dois anos depois, ao vizinho território de Macau.

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