Frente leste "deteriorada". Alemanha envia "sistema Patriot adicional" à Ucrânia

por Carlos Santos Neves - RTP
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já agradeceu o apoio alemão Presidência da Ucrânia via Reuters

O “aumento dos ataques russos” levou este sábado o Ministério da Defesa da Alemanha a anunciar o envio de um sistema “adicional” de defesa antiaérea Patriot para a Ucrânia. Gesto que coincide com o reconhecimento, por parte da cúpula militar ucraniana, de que a situação na frente leste está “consideravelmente deteriorada”, diante da progressão das forças de Moscovo.

“Por causa do aumento dos ataques aéreos russos contra a Ucrânia, o Governo alemão decidiu reforçar a defesa aérea ucraniana”, anunciou, em comunicado, o Ministério da Defesa em Berlim, para precisar que se trata de um “sistema Patriot”, de produção norte-americana, “suplementar”.A transferência do equipamento, adiantou o Ministério alemão, será concretizada de imediato.

“O terror russo contra as localidades ucranianas e as infraestruturas do país provoca sofrimento incomensurável”, quis apontar o ministro alemão da Defesa a propósito deste reforço do apoio em material bélico aos ucranianos.

Boris Pistorius acusou ainda Moscovo de “pôr em perigo o abastecimento energético da população”, numa estratégia que visa igualmente “destruir o estado de abastecimento operacional das Forças Armadas ucranianas”.
“Solidariedade inabalável”

O presidente ucraniano já agradeceu publicamente ao chanceler alemão, Olaf Scholz, o envio do sistema Patriot.

“Estou grato ao chanceler pela decisão de fornecer um sistema adicional de defesa antiaérea Patriot à Ucrânia e mísseis” para os atuais sistemas empenhados nas frentes da guerra, escreveu Volodymyr Zelensky na plataforma de mensagens Telegram.

“É uma verdadeira manifestação de apoio para com a Ucrânia num momento crítico para nós”, enfatizou, para depois exortar, uma vez mais, os demais países ocidentais a “seguir o exemplo” alemão.Este é o terceiro sistema Patriot que a Alemanha fornece à Ucrânia. Nos últimos meses, Scholz foi criticado por se ter recusado a autorizar o envio de mísseis Taurus, de longo alcance, às forças ucranianas.


Em conversa telefónica com o presidente da Ucrânia, Scholz reiterou a “solidariedade inabalável com a Ucrânia face aos ataques russos em massa e contínuos, nomeadamente sobre infraestruturas energéticas civis”, segundo um porta-voz do Governo alemão, citado pela agência France Presse.
Frente leste “consideravelmente deteriorada”

A máquina de guerra russa tem vindo a intensificar, ao longo das últimas semanas, os bombardeamentos aéreos sobre alvos ucranianos. Na passada quinta-feira, voltou a visar diferentes instalações energéticas, arrasando uma central elétrica da região da capital, Kiev.

Este sábado, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrskyi, deu também nota de uma “intensificação” dos movimentos ofensivos das forças russas, que reivindicaram entretanto a ocupação de mais uma localidade, Pervomaiske, nas proximidades de Avdiivka, no oblast oriental de Donetsk.

Syrskyi admitiu mesmo que a situação na frente leste da guerra está “consideravelmente deterioriada”, quadro que se acentuou na esteira do processo eleitoral que reconduziu Vladimir Putin na Presidência da Federação Russa.

A pressão das tropas russas faz-se agora sentir sobre Chasiv Yar, na mesma região do leste da Ucrânia, a menos de 30 quilómetros a sudeste de Kramatorsk.

c/ agências
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