Gabriel Boric vence eleições presidenciais no Chile

por Lusa
Gabriel Boric é o novo presidente do Chile Elvis Gonzalez-Epa

O jovem deputado de esquerda Gabriel Boric, apoiado pela Frente Ampla e pelo Partido Comunista, venceu a segunda volta das eleições presidenciais no Chile ao obter mais de 55,18% dos votos, com 68,7% das mesas escrutinadas.

Numa primeira reação, Boric assegurou que será o presidente de “todos os chilenos”, no decurso de um contacto telefónico transmitido pela televisão com o chefe de estado cessante, o conservador Sebastián Piñera.

Serei o Presidente do Chile de todos os chilenos e chilenas, não governarei apenas entre quatro paredes”, manifestou durante o diálogo, uma tradição que sempre se verifica nas eleições chilenas.

O seu opositor, o advogado de extrema-direita José Antonio Kast, com 44,92% dos votos, também já reconheceu a vitória do ex-líder estudantil.

Acabo de falar a Gabriel Boric e felicitei-o pelo seu grande triunfo. Hoje é o Presidente eleito do Chile e merece todo o nosso respeito e a nossa colaboração construtiva. O Chile está sempre em primeiro lugar”, escreveu Kast na sua conta oficial no Twitter, após ser confirmado um avanço de dez pontos percentuais favorável ao candidato das esquerdas.

Boric, de 35 anos e líder da Frente Ampla, representa a parte da sociedade chilena que quer “mudanças profundas” e que participou nos massivos protestos pela igualdade de 2019: quer melhores pensões, educação, saúde e põe muita ênfase no ambientalismo e no feminismo.

Kast, o candidato da extrema-direita, de 55 anos, é um católico fervoroso e pai de nove filhos, parte de um clã familiar que teve laços políticos com a ditadura de Pinochet, um regime com o qual se mostrou complacente em diversas ocasiões, e é mais favorável à manutenção do "status quo" e à colocação dos valores conservadores e da família no centro de tudo.

Os especialistas consideravam que a diferença entre ambos iria ser muito curta e dependeria da participação, quando a primeira volta de 21 de novembro registou uma abstenção de 50%.

Segundo os dados oficiais, Boric obteve um amplo apoio na capital, onde se concentra metade dos eleitores, e em outras regiões com importantes núcleos urbanos, como Valparaíso onde obteve quase 20 pontos de vantagem.

Entre os principais desafios do futuro governo incluem-se a crise social que permanece desde os grandes protestos de 2019, a aplicação das normas da nova Constituição e os problemas económicos agravados pela pandemia.

Esquerda latino-americana celebra vitória

A esquerda latino-americana, que juntou o Chile ao grupo de países da região que se deslocaram para esta tendência política, celebrou a vitória neste domingo do congressista Gabriel Boric.

Um dos primeiros a felicitá-lo foi o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva: "Felicito o camarada Gabriel Boric pela sua eleição como presidente do Chile", disse.

O presidente do Peru, Pedro Castillo, disse que a vitória de Boric "é a do povo chileno". No seu texto no Twitter, Castillo, que assumiu a presidência daquele país em julho passado, representando o partido marxista Peru Libre, acrescentou que este é um triunfo partilhado pelos "povos latino-americanos" que querem "viver com liberdade, paz, justiça e dignidade".

"Grandes boas notícias do Chile!!" escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano, Marcelo Ebrard, no Twitter.

O presidente argentino Alberto Fernández felicitou por telefone o novo presidente chileno, dizendo-lhe que estava "muito feliz" e que a região precisa que "trabalhemos juntos".

O presidente da Bolívia, Luis Arce, juntou-se à lista de líderes de esquerda que expressaram a sua satisfação com a eleição de Boric e considerou que esta "fortalece a democracia latino-americana".

"Saúdo o povo de Salvador Allende e Víctor Jara pela sua estrondosa vitória sobre o fascismo", disse o presidente venezuelano, Nicolás Maduro num tweet.



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