Gaza. Hamas a contar com cessar-fogo "dentro de um ou dois dias"

por Cristina Sambado - RTP
Mohammed Saber - EPA

Pela primeira vez em 11 dias, os militares israelitas e palestinianos interromperam os ataques durante algumas horas. Isto num momento em que parece mais próximo o cessar-fogo pedido pelo Presidente norte-americano.

Um alto responsável do Hamas afirmou que os militares israelitas e palestinianos devem chegar a um acordo de cessar-fogo “dentro de um dois dias”, numa altura em que os ataques na fronteira continuam.

Em declarações ao canal televisivo libanês al-Mayadeen, Moussa Abu Marzouk afirmou: “Acho que os esforços contínuos em relação ao cessar-fogo serão bem-sucedidos. E que o cessar-fogo, baseado num acordo mútuo, seja alcançado dentro de um ou dois dias”.

É incerto se o silêncio que durou várias horas esta noite – o mais longo desde que os ataques começaram – já fazia parte do acordo, ou se foi apenas uma pausa temporária na violência.

Na madrugada desta quinta-feira, Israel voltou a lançar dezenas de ataques aéreos contra Gaza, dois dos quais destruíram duas casas no sul do território. Citados pelo Guardian, vários médicos afirmaram que quatro pessoas ficaram feridas num ataque aéreo na cidade de Khan Younis, no sul do território.

Os ativistas palestinianos retaliaram com o lançamento de rockets contra alvos em Israel.Os militares israelitas afirmaram que os ataques atingiram “uma unidade de armazenamento de armas” na cidade de Gaza, a casa de um oficial do Hamas e uma "infraestrutura militar localizada nas residências de outros comandantes do Hamas".

As sirenes soaram após a meia-noite na cidade de Beersheba, no sul de Israel, e nas áreas de fronteira com Gaza. Não há, para já, relatos de vítimas ou danos.

No entanto, não foi reportado nenhum disparo de rockets para fora do enclave após a 1h00 (hora local).
Negociações para cessar-fogo podem estar em curso
Uma fonte da segurança egípcia afirmou à agência Reuters que os dois lados concordaram “num princípio de cessar-fogo com o apoio de mediadores”, mas que as negociações ainda estavam a decorrer.

Ronen Bergman, um jornalista especialista em assuntos militares israelitas, avançou ao jornal britânico The Guardian, citando fontes não identificadas, “que o cessar-fogo seria alcançado nas próximas 48 horas”.

Segundo Bergman, “o acordo incluiria a concordância de Israel em interromper os ataques, incluindo tentativas de abater membros importantes do Hamas. E, em troca, o Hamas terminaria com o lançamento de rockets, pararia de construir túneis de ataque e colocaria um ponto final nas manifestações perto da fronteira”.
Pressão internacional
Ainda na quarta-feira Hamas e Israel negavam que estivesse iminente uma trégua, apesar da pressão da comunidade internacional para um rápido cessar-fogo.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou estar “determinado a continuar” até que a “calma e a segurança seja restaurada para os cidadãos israelitas”.

França divulgou uma resolução da ONU que pressiona os EUA a exigir um cessar-fogo e onde consta uma declaração conjunta do Egito e da Jordânia, a “exortar as partes a concordarem imediatamente com o cessar-fogo”.

Egito e a Jordânia disponibilizaram-se para trabalhar em conjunto com a ONU e outros parceiros de forma a garantir ajuda humanitária para a população de Gaza. Para os Estados Unidos, a resolução “minaria os esforços para diminuir a violência”.

Para esta quinta-feira está prevista uma Assembleia Geral das Nações Unidas, com a participação de vários ministros dos Negócios Estrangeiros, onde o conflito israelo-palestiniano vai estar em cima da mesa, mas não se espera que seja tomada uma atitude.

Na quarta-feira, Biden falou com Netanyahu pela quarta vez desde o início do conflito.

“O Presidente comunicou ao primeiro-ministro que esperava uma desaceleração significativa no caminho para um cessar-fogo”, avança um comunicado divulgado pela Casa Branca.
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