Gaza. Hamas libertou mais três reféns, incluindo cidadão com ligações a Portugal
O Hamas libertou, este sábado, mais três reféns israelitas. Entre eles está Or Levy, um cidadão com ligações a Portugal. Em troca, Israel libertou 183 prisioneiros palestinianos. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou as imagens "chocantes" dos reféns, que estão visivelmente pálidos, magros e fracos, e prometeu dar uma resposta.
Or Levy, 34 anos, com ligações a Portugal, Eli Sharabi, 52 anos, e o israelo-alemão Ohad Ben Ami, 56 anos, foram libertados este sábado a partir de um local em Deir-el Balah, no centro de Gaza, como parte do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Todos eles foram capturados durante o ataque do Hamas em solo israelita a 7 de outubro de 2023.
Os prisioneiros foram levados por membros do Comité Internacional da Cruz Vermelha para um hospital em Israel.
Os prisioneiros foram levados por membros do Comité Internacional da Cruz Vermelha para um hospital em Israel.
Visivelmente pálidos, magros e fracos, os reféns subiram a um palco antes de serem entregues à Cruz Vermelha e fizeram breves declarações, acompanhados por combatentes armados do Hamas, com máscaras e fitas verdes na cabeça.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas diz que as "imagens perturbadoras da libertação de Ohad, Eli e Or servem como mais uma prova clara e dolorosa que não deixa margem para dúvidas: não há tempo a perder para os reféns".
"Precisamos de os libertar a todos”, disse o grupo em comunicado à imprensa.
"Precisamos de os libertar a todos”, disse o grupo em comunicado à imprensa.
Netanyahu denuncia imagens “chocantes” dos reféns
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou as imagens “chocantes” das más condições dos reféns libertados este sábado e garantiu que Israel vai dar uma resposta.
“Israel não vai ignorar a imagem dos três reféns israelitas fracos e definhados a serem levados para um palco em Gaza e forçados a discursar numa aparecente encenação por militantes do Hamas antes da sua libertação”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Não vamos ignorar as cenas chocantes que vimos hoje", reiterou Netanyahu em comunicado.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também criticou a condição dos três reféns, afirmando que constitui um crime contra a humanidade.
“É assim que se parece um crime contra a humanidade!”, escreveu Herzog na rede social X.
“O mundo inteiro deve olhar diretamente para Ohad, Or e Eli — que regressam após 491 dias de inferno, famintos, definhados e a sofrer — a serem explorados num espetáculo cínico e cruel por assassinos vis”, declara.
“Concluir o acordo de reféns é um dever humanitário, moral e judaico. É essencial trazer de volta todas as nossas irmãs e irmãos do inferno do cativeiro em Gaza — todos eles”, exorta o presidente.
Israel liberta 183 prisioneiros palestinianos
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou as imagens “chocantes” das más condições dos reféns libertados este sábado e garantiu que Israel vai dar uma resposta.
“Israel não vai ignorar a imagem dos três reféns israelitas fracos e definhados a serem levados para um palco em Gaza e forçados a discursar numa aparecente encenação por militantes do Hamas antes da sua libertação”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
"Não vamos ignorar as cenas chocantes que vimos hoje", reiterou Netanyahu em comunicado.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também criticou a condição dos três reféns, afirmando que constitui um crime contra a humanidade.
“É assim que se parece um crime contra a humanidade!”, escreveu Herzog na rede social X.
“O mundo inteiro deve olhar diretamente para Ohad, Or e Eli — que regressam após 491 dias de inferno, famintos, definhados e a sofrer — a serem explorados num espetáculo cínico e cruel por assassinos vis”, declara.
This is what a crime against humanity looks like!
— יצחק הרצוג Isaac Herzog (@Isaac_Herzog) February 8, 2025
The whole world must look directly at Ohad, Or, and Eli—returning after 491 days of hell, starved, emaciated and pained—being exploited in a cynical and cruel spectacle by vile murderers. We take solace in the fact that they are…
“Concluir o acordo de reféns é um dever humanitário, moral e judaico. É essencial trazer de volta todas as nossas irmãs e irmãos do inferno do cativeiro em Gaza — todos eles”, exorta o presidente.
Israel liberta 183 prisioneiros palestinianos
Em troca, Israel confirmou que libertou 183 prisioneiros palestinianos, incluindo “18 prisioneiros condenados à morte, 54 condenados a penas pesadas e 111 presos em Gaza depois de 7 de outubro”, confirmou na sexta-feira à AFP a porta-voz do Clube de Prisioneiros Palestinianos, uma ONG responsável pelo caso.
Um autocarro que transportava um grupo de prisioneiros palestinianos chegou este sábado à cidade de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
Os prisioneiros foram levados para Ramallah num autocarro da Cruz Vermelha que os transportou desde a prisão israelita de Ofer. Foram recebidos por familiares e por centenas de palestinianos em delírio, que gritavam "Alá é grande".
A troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos é a quinta desde a entrada em vigor da trégua, a 19 de janeiro. No total, foram já libertados 21 reféns e cerca de 600 prisioneiros palestinianos.Nesta primeira fase do acordo, com duração de seis semanas, deverão ser libertados 33 reféns no total e 1.900 prisioneiros palestinianos.
Das 251 pessoas raptadas durante o ataque de 7 de outubro, 76 continuam detidas em Gaza, pelo menos 34 das quais mortas, segundo o exército.
Das 251 pessoas raptadas durante o ataque de 7 de outubro, 76 continuam detidas em Gaza, pelo menos 34 das quais mortas, segundo o exército.
Quem é Or Levy?
Or Levy foi certificado como sefardita pela Comunidade Judaica do Porto, requisito necessário para adquirir cidadania portuguesa.
"Or Levy, que será libertado amanhã [sábado], foi certificado pela Comunidade Judaica do Porto, uma vez que os seus avós paternos falavam ladino e pertenciam a uma família sefardita tradicional de Istambul na Turquia, a qual tomou o caminho de Israel no século XX", disse à agência Lusa o presidente da comunidade, Gabriel Senderowicz, na sexta-feira.
De acordo com o responsável da Comunidade Judaica do Porto, em novembro de 2023 - quando Or já estava nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza -, os seus representantes legais e a própria embaixada de Israel em Portugal "solicitaram à Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa que instruísse o processo com urgência".
"Cremos que o requerente terá obtido a nacionalidade, uma vez que preenchia os requisitos legais", acrescentou Senderowicz. O tio de Or Levy, referiu ainda, tem nacionalidade portuguesa.
Or Levy estava no Nova Music Festival com a sua esposa, Eynav, quando ocorreu o ataque do Hamas, a 7 de outubro de 2023. Os militares do Hamas mataram Eynav e sequestraram Levy, que foi mantido em Gaza durante este tempo.
Eynav mandou uma mensagem para a sua mãe a avisar que tinham chegado ao local do festival. Minutos depois, Levy enviou uma mensagem para a mãe a dizer que estavam a regressar a casa após os confrontos.
Às 7h39, Levy ligou para a mãe para dizer que estavam escondidos num abrigo. A mãe perguntou como é que eles estavam e Levy respondeu: “Mãe, não queiras saber o que se está a passar aqui”.
Esta foi a última mensagem de Levy e a família não teve mais notícias dele desde então. Vários dias depois, o exército israelita entrou em contacto com a sua família para informar que tinham encontrado o corpo de Eynav e que Levy tinha sido sequestrado e feito refém pelo Hamas.
Levy regressa este sábado a casa para o seu filho de três anos, Almog. "O seu filho de 2 anos, Almog, está à espera do regresso do pai", escreveu a embaixada na rede social X, em junho do ano passado.
O irmão do refém, Michael, "veio a Portugal três vezes em delegações de famílias de reféns para contar a história de Or e pedir que se faça tudo para trazer o seu irmão de volta", descreveu ainda a embaixada.
Or Levy foi certificado como sefardita pela Comunidade Judaica do Porto, requisito necessário para adquirir cidadania portuguesa.
"Or Levy, que será libertado amanhã [sábado], foi certificado pela Comunidade Judaica do Porto, uma vez que os seus avós paternos falavam ladino e pertenciam a uma família sefardita tradicional de Istambul na Turquia, a qual tomou o caminho de Israel no século XX", disse à agência Lusa o presidente da comunidade, Gabriel Senderowicz, na sexta-feira.
De acordo com o responsável da Comunidade Judaica do Porto, em novembro de 2023 - quando Or já estava nas mãos do Hamas na Faixa de Gaza -, os seus representantes legais e a própria embaixada de Israel em Portugal "solicitaram à Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa que instruísse o processo com urgência".
"Cremos que o requerente terá obtido a nacionalidade, uma vez que preenchia os requisitos legais", acrescentou Senderowicz. O tio de Or Levy, referiu ainda, tem nacionalidade portuguesa.
Or Levy estava no Nova Music Festival com a sua esposa, Eynav, quando ocorreu o ataque do Hamas, a 7 de outubro de 2023. Os militares do Hamas mataram Eynav e sequestraram Levy, que foi mantido em Gaza durante este tempo.
Eynav mandou uma mensagem para a sua mãe a avisar que tinham chegado ao local do festival. Minutos depois, Levy enviou uma mensagem para a mãe a dizer que estavam a regressar a casa após os confrontos.
Às 7h39, Levy ligou para a mãe para dizer que estavam escondidos num abrigo. A mãe perguntou como é que eles estavam e Levy respondeu: “Mãe, não queiras saber o que se está a passar aqui”.
Esta foi a última mensagem de Levy e a família não teve mais notícias dele desde então. Vários dias depois, o exército israelita entrou em contacto com a sua família para informar que tinham encontrado o corpo de Eynav e que Levy tinha sido sequestrado e feito refém pelo Hamas.
Levy regressa este sábado a casa para o seu filho de três anos, Almog. "O seu filho de 2 anos, Almog, está à espera do regresso do pai", escreveu a embaixada na rede social X, em junho do ano passado.
O irmão do refém, Michael, "veio a Portugal três vezes em delegações de famílias de reféns para contar a história de Or e pedir que se faça tudo para trazer o seu irmão de volta", descreveu ainda a embaixada.