Gaza. Vários jornalistas feridos após ataque aéreo israelita no hospital Al-Aqsa

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mohammed Saber - EPA

Um avião da força aérea israelita bombardeou o hospital de Al-Aqsa, no centro de Gaza, este domingo, causando várias vítimas. Segundo a BBC, pelo menos sete jornalistas ficaram feridos neste ataque. O ataque aconteceu no dia em que foram retomadas as negociações para um cessar-fogo em Gaza. Um responsável do Hamas adiantou que as posições estão ainda "demasiado distantes" para se esperar um avanço nas negociações.

Os militares israelitas voltaram a bombardear, este domingo, o hospital dos Mártires de Al-Aqsa, na cidade de Deir al Balah, o hospital mais importante do centro de Gaza.

O exército israelita afirmou que o alvo era um centro de “comando operacional” do grupo da Jihad Islâmica palestiniana, alegando ter matado quatro membros do grupo militante da Jihad Islâmica neste ataque, segundo apurou a BBC.


“O centro de comando e os terroristas foram atingidos com precisão, com o objetivo de minimizar os danos a civis não envolvidos na área do hospital", anunciou o exército israelita.

As autoridades de saúde palestinianas e o gabinete de imprensa do Governo do enclave palestiniano controlado pelo Hamas dizem, por sua vez, que o ataque atingiu várias tendas dentro do Hospital Al-Aqsa, matando pelo menos quatro pessoas e ferindo várias, incluindo sete jornalistas.
Os jornalistas estavam entre as centenas que estão abrigados em tendas improvisadas no terreno do hospital.

"Eles atacaram a tenda sem qualquer aviso. Estávamos na tenda pacificamente, sem nenhum terrorista entre nós", disse Ali Hamad, fotojornalista, à agência de notícias Reuters.

Israel tem atacado os principais hospitais (Al-Aqsa e Al-Shifa) sob o pretexto de que os militantes do Hamas estão a usar as instalações como bases militares. No entanto, o Hamas e as equipas médicas já vieram negar essas acusações, acusando Israel de matar e prender civis.

"O exército de ocupação 'israelita' cometeu crimes ao destruir, incendiar e atacar 1.050 casas nas imediações do complexo médico de Shifa, matando mais de 400 mártires e prendendo e torturando centenas de pacientes e pessoas deslocadas", afirmou, num comunicado, o porta-voz do Governo da Faixa de Gaza.
Negociações para uma trégua “demasiado distantes”
O ataque ao hospital de Al-Aqsa aconteceu no dia em que foram retomadas as negociações para um cessar-fogo em Gaza.

O Egito recebeu, este domingo, uma delegação israelita para uma nova ronda de conversações numa tentativa de garantir uma trégua com os governantes do Hamas em Gaza.
O Catar, os Estados Unidos e o Egito estão a mediar os esforços diplomáticos.

No entanto, Israel e o Hamas parecem estar ainda longe de chegar a um acordo para uma trégua na Faixa de Gaza.

Um responsável do Hamas afirmou este domingo que as posições do movimento e de Israel quanto ao conflito na Faixa de Gaza continuam "demasiado distantes" para se poder esperar um avanço nas negociações.

"Duvido que haja progressos nestas negociações, porque as posições estão demasiado distantes", disse este responsável à agência France-Presse, sob condição de anonimato.


Para esta fonte, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, "não é sério (…) e a administração americana não está a exercer qualquer pressão real" sobre Israel.

As negociações, mediadas pelo Catar, o Egito e os Estados Unidos, foram retomadas há uma semana, após um longo impasse.

O Hamas continua a exigir, como condições, um cessar-fogo “integral” na Faixa de Gaza, o regresso dos refugiados e a retirada das tropas israelitas – condições que Israel classifica como “delirantes”.

Desde o início da guerra, 32.782 palestinos foram mortos e 75.298 feridos, segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas. Só nas últimas 24 horas, os ataques israelitas mataram 77 palestinianos em Gaza.

c/agências
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