Governo brasileiro assegura apoio à preservação na Amazónia

por Mário Aleixo - RTP
A situação na Amazónia é crítica e os governantes brasileiros insistem em não se entenderem RTP

O Ministério do Meio Ambiente brasileiro informou que foi revertida a suspensão de todas as operações de combate à desflorestação ilegal na Amazónia e às queimadas no Pantanal e demais regiões do país.

"O Ministério informa que houve o desbloqueio financeiro dos recursos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e que, portanto, as operações de combate à desflorestação ilegal e às queimadas prosseguirão normalmente", indicou a tutela, horas depois de ter anunciado a suspensão das mesmas.

Em causa está um anúncio feito na tarde de sexta-feira pela pasta do Ambiente, que informou a suspensão, a partir de segunda-feira, das operações de combate à desflorestação ilegal e queimadas no país devido a questões orçamentais.

Em comunicado, o Ministério indicou que a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), tutelada pelo Governo, decretou um bloqueio financeiro de 20,9 milhões de reais (3,25 milhões de euros), destinados ao Ibama, e de 39,7 milhões de reais (6,18 milhões de euros), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, já estava previsto um outro corte de 120 milhões de reais (18,6 milhões de euros) para 2021.

Após o anúncio, que gerou contestação de várias organizações não-governamentais (ONG), o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, que lidera o conselho da Amazónia Legal, veio a público afirmar que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se precipitou ao anunciar a suspensão das operações ambientais.

"O ministro precipitou-se. (...) Não vão ser bloqueados os 60 milhões de reais do Ibama e ICMBio", disse Mourão a jornalistas, na saída da vice-presidência, em Brasília.

Situação crítica

Se entrasse em vigor, a suspensão das operações ocorreria num momento em que o Pantanal brasileiro está a ser destruído por um dos piores incêndios da sua história.

O Pantanal, a maior zona húmida do planeta e um santuário de biodiversidade, que abrange quase 2% do território brasileiro, já perdeu 10,3% da cobertura vegetal devido ao fogo, que deve continuar a lavrar até ao final de outubro, ocasião em que termina a estação seca na região.

Já a Amazónia brasileira aproxima-se de encerrar 2020 com um recorde de área desflorestada.

As projeções de organizações ambientais indicam que 1,3 milhões de hectares da Amazónia podem ser eliminados, o que seria a maior área registada nos últimos 32 anos.
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