Governo da Guiné Equatorial vai analisar medidas de apoio às vítimas de Bata

por Lusa

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, disse hoje que irá reunir de emergência o Governo para analisar as medidas de apoio às vítimas das explosões de domingo num quartel militar na cidade de Bata.

A informação, que está a ser divulgada pela televisão pública, TVGE, e pelo jornal AhoraGE, próximos do Governo, foi avançada pelo chefe de Estado, durante uma sessão pública, em Malabo, durante a qual tomou a segunda dose da vacina contra a covid-19.

As primeiras declarações em público do chefe de Estado sobre as explosões de domingo em Bata, cidade portuária na parte continental da Guiné Equatorial, surgem mais de 12 horas depois dos acontecimentos e quando o balanço provisório oficial de vítimas aponta 31 mortos e 600 feridos.

No domingo, o chefe de Estado, que se encontra em Malabo, na ilha de Bioko, emitiu um comunicado que foi lido na televisão estatal, adiantando que as explosões foram acidentais e fruto de negligência.

No mesmo comunicado, apelou à comunidade internacional para que apoie o país.

As operações de salvamento, retirada de cadáveres e acompanhamento dos doentes nos hospitais está a ser seguida pelo vice-presidente e filho do Presidente, `Teodorin` Obiang Mangue, e pelo vice-ministro da Saúde.

A ausência pública do Presidente perante a catástrofe e a falta de informação sobre os acontecimentos já foram criticadas pela oposição equato-guineense.

Hoje, durante a primeira aparição publica após as explosões, Teodoro Obiang manifestou-se preocupado e apelou à população para que se evitem atos que promovam a insegurança no país.

"Por vezes as pessoas acreditam que a paz é um efeito da ausência de guerra, mas o que temos vivido em Bata pode ser considerado como parte da guerra", disse.

O chefe de Estado assinalou o balanço provisório de vítimas, entre mortos e feridos com vários graus de gravidade, considerando que resultaram da "ignorância, imprudência e malícia" daqueles que conheciam "o perigo de ter este material [alegadamente dinamite] depositado perto das munições".

No comunicado de domingo, o Presidente disse que o acidente tinha sido causado "pela negligência e descuido" da unidade responsável pela proteção dos depósitos de dinamite e explosivos anexos ao paiol de munições do quartel militar de Nkuatama, localizado numa zona residencial de Bata.

Os tais depósitos de dinamite ter-se-ão incendiado devido a queimadas que estariam a ser realizadas por agricultores em quintas nas proximidades e que provocaram a explosão.

O chefe de Estado garantiu que os responsáveis serão investigados e punidos, assinalando a devastação que as explosões vão custar ao país, com perdas humanas, económicas e materiais significativas.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual a Guiné Equatorial é Estado-membro, manifestou hoje apoio e solidariedade às autoridades do país, numa carta dirigida ao ministro das Relações Exteriores e Cooperação da Guiné Equatorial.

Por seu lado, o embaixador equato-guineense em Lisboa, Tito Mba Ada, disse à Lusa que formalizou, esta manhã, o pedido de ajuda junto da CPLP e das autoridades portuguesas.

Portugal indicou que o apoio à Guiné Equatorial "será equacionado em coordenação com a comunidade internacional, nomeadamente no quadro das Nações Unidas e da União Europeia".

Antiga colónia espanhola, governada há 42 anos por Teodoro Obiang, a Guiné Equatorial, um país rico em recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza, integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

A ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Arancha González Laya, disse hoje através de uma mensagem publicada na sua conta do Twitter, que Espanha "procederá ao envio imediato de ajuda humanitária".

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