Bissau, 02 mar 2020 (Lusa) -- O Governo liderado por Nuno Nabian, que tomou hoje posse no Palácio da Presidência, em Bissau, tem 19 ministérios e 13 secretarias de Estado, mas ainda não é conhecido quem vai chefiar o setor da saúde.
A ex-ministra dos Negócios Estrangeiros do Governo guineense liderado por Aristides Gomes, Suzy Barbosa, vai ocupar o mesmo cargo no executivo de Nuno Nabian, que tomou posse esta noite, segundo um decreto presidencial divulgado hoje à imprensa.
Outros dois membros do Governo chefiado por Nuno Nabian - que foi nomeado na sexta-feira pelo Presidente autoproclamado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, após este ter demitido Aristides Gomes do cargo - são Botche Candé, como ministro do Interior, e Sandji Faty, no Ministério da Defesa.
Quadro ligado ao setor do Turismo, Mamadu Serifo Djakite, deputado do Madem G-15, antigo ministro dos Transportes e Comunicações quando Umaro Sissoco Embaló foi primeiro-ministro, é o novo ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares.
Ex-presidente do parlamento e ex-chefe da diplomacia, atual deputado do Partido da Renovação Social (PRS), Jorge Malu, regressa ao Governo para ser ministro dos Recursos Naturais e Energia. É arquiteto de formação.
Já o ministro dos Transportes e Comunicações, Jorge Mandinga é um "fiel" de Nuno Nabian com quem partilha o mesmo partido, a Assembleia do Povo Unido - Partido Social Democrata da Guiné-Bissau. Jorge Mandinga é irmão de Victor Mandinga, deputado do Madem-G15, que foi nomeado para ministro da Economia, Plano e Integração Regional.
Secretário nacional do Madem G-15, pelo qual é deputado, Abel da Silva é o novo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Também de regresso ao Governo está João Fadia, para liderar as Finanças, cargo que já ocupou por diversas vezes. Não lhe é conhecida qualquer filiação partidária.
Também deputado pelo PRS, Botche Candé retorna ao Governo para chefiar o ministério do Interior, depois de ter estado na Presidência da República, como conselheiro de segurança do Presidente cessante, José Mário Vaz.
O jornalista Fernando Mendonça, elemento ligado ao ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, de quem foi diretor da campanha eleitoral nas presidenciais, é agora o novo ministro da Justiça.
General na reserva e deputado pelo Madem G-15, Sandji Faty, antigo ministro da Educação, e ex-chefe do Estado-Maior do Exército, regressa ao Governo para chefiar a Defesa e os Combatentes da Liberdade da Pátria.
Para a pasta da Administração Territorial e Poder Local entra para o Governo Fernando Dias, líder da juventude do PRS, após ter sido diretor geral da Agência Nacional dos Carregadores.
Até aqui embaixador da Guiné-Bissau para países do Sudoeste Asiático, com residência em Pequim, na China, Malam Sambu é o novo ministro das Pescas. Sambu, engenheiro eletrotécnico formado na China, é quadro do PRS.
Para a pasta do Comércio e Indústria, entra António Artur Sanha, antigo secretário-geral do PRS, antigo primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara Municipal de Bissau.
Ministro da Educação e Ensino Superior, Arsénio Jibril Baldé é o porta-voz do Madem G-15 e quadro sénior do ministério que agora vai tutelar.
Celina Tavares, do partido APU/PDGB, ex-emigrante nos Estados Unidos, vai liderar a pasta da Administração Pública, Trabalho, Emprego e Segurança Social. Chegou a ser diretora-geral dos Serviços de Migração, Estrangeiros e Fronteiras.
A jornalista Maria da Conceição Évora, antiga diretora geral do Desporto, primeira mulher na Guiné-Bissau a presidir a um clube de futebol (Atlético Clube de Bissorã) e ligada ao partido Madem G-15, é a nova ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social.
Fidelis Forbs, do partido Madem G-15, regressa ao executivo para chefiar a pasta das Obras Públicas, Habitação e Urbanismo, depois de ter liderado o ministério dos Transportes e Comunicações.
Viriato Cassamá, considerado um perito guineense na área das mudanças climáticas, entra para o Governo como ministro do Ambiente da Biodiversidade, depois de vários anos na qualidade de diretor geral e rosto da Guiné-Bissau nos foros internacionais sobre as mudanças climáticas. É engenheiro ambiental formado em Portugal.
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Na sequência da posse, o autoproclamado chefe de Estado demitiu Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro, substituindo-o por Nuno Nabian.
Cipriano Cassamá, presidente do parlamento e segunda figura da hierarquia do Estado guineense, foi investido Presidente da República interino pela maioria política da Assembleia Nacional Popular (ANP), que não reconhece a posse de Umaro Sissoco Embaló como chefe de Estado e entende estar criada uma situação de vacatura com a saída do Presidente cessante, José Mário Vaz.
Após estas decisões, os militares ocuparam várias instituições de Estado e horas depois Cipriano Cassamá renunciaria ao cargo denunciado ameaças à sua integridade física.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou hoje a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.