Governo francês proíbe smartphones nas escolas

por RTP
A medida entra em vigor a partir de setembro Lee Jae Won - Reuters

Esta segunda-feira foi aprovada a lei que proíbe os smartphones de entrarem nas escolas francesas. A medida entra em vigor a partir de setembro.

A partir de setembro as crianças entre os três e os 15 anos não poderão ter ligados nas escolas francesas os seus smartphones, tablets ou outros aparelhos com ligação à internet. As escolas secundárias, com alunos a partir dos 15 anos, podem escolher se querem adotar a medida de forma total ou parcial.

Além disso, a lei faz exceções para “uso pedagógico”, atividades extracurriculares e no caso de alunos com necessidades especiais, tal como é explicado pela agência France Presse.

“O nosso principal objetivo é proteger as crianças e os adolescentes. É um papel fundamental na educação e esta lei permite-o”, disse o ministro francês da educação, Jean-Michel Blanquer, ao canal francês BFMTV, de acordo com a CNN.
Lei “envia mensagem à sociedade francesa”
A lei surge depois de Macron prometer impor a medida caso fosse eleito. Passou com 62 votos a favor, dos membros do seu partido, e um voto contra. Vários deputados de esquerda e de direita abstiveram-se de votar a lei, por considerarem que não fará grandes alterações.

“Na realidade, a proibição já foi feita. Não conheço nenhum professor neste país que permita a utilização de telemóveis na sala de aula”, disse Alexis Corbière, deputado de esquerda do partido France Insoumise, segundo a CNN.

Desta forma, o deputado relembra a lei de 2010, que proíbe os smartphones “durante as atividades escolares”.

Apesar da lei de 2010, o ministro francês da Educação é da opinião que a nova legislação “envia uma mensagem à sociedade francesa e aos outros países do mundo”.
Escola em Plousane já proibia telemóveis
De acordo com o Washington Post, esta não é a única lei francesa projetada para combater o uso diário da tecnologia digital.

No ano passado, o Governo francês aprovou uma lei onde exigia às empresas que limitassem o número de emails e as tecnologias relacionadas com o trabalho fora do escritório.

As autoridades francesas defendiam que a legislação pretendia reduzir o stress relacionado com o trabalho e evitar o desgaste dos funcionários.

Sem precisar de nenhuma lei, uma escola em Plouasne, na Bretanha, já funciona sem smartphones há quatro anos, segundo relata o jornal britânico The Guardian.

Desde que proibiram os smartphones, os funcionários da escola notaram que havia “mais interação social entre as crianças, mais empatia e uma maior disposição para aprender no início das aulas”, como se pode ler no artigo.

Jean-Claude Chevalier, diretor de uma escola em Burges, no centro de França, decidiu este ano introduzir a proibição de telemóveis durante os intervalos.

“Os funcionários ficavam surpreendidos por ver centenas de alunos simultaneamente agarrados ao telemóvel durante os intervalos – todos sentados a fixar um ecrã sem falarem uns com os outros”, declarou Chevalier ao jornal britânico.

Mais de 90 por cento das crianças francesas entre os 12 e os 17 anos tinham smartphones em 2016, de acordo com a agência reguladora de telecomunicações francesa ARCEP.
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