Greta Thunberg e o movimento ambientalista que já chegou a Portugal

por Joana Raposo Santos - RTP
A jovem de 16 anos foi nomeada por três deputados noruegueses para o Prémio Nobel da Paz Hanna Franzen - TT News Agency/Reuters

“Greve Escolar pelo Clima” é o nome do movimento criado por uma adolescente sueca que, em menos de um ano, se tornou global. Para sexta-feira está marcada aquela que poderá ser uma das maiores manifestações ambientalistas de sempre, na qual deverão participar milhares de alunos em cerca de 100 países. Um deles é Portugal, onde estão previstas manifestações em 27 localidades. O movimento criado por Greta Thunberg já lhe valeu a nomeação para o Prémio Nobel da Paz.

Em agosto passado, a jovem ativista decidiu faltar a um dia de aulas para ir sentar-se à porta do Parlamento sueco enquanto segurava um cartaz onde se lia “Greve Escolar pelo Clima”. Apesar de os pais a terem tentado dissuadir, Greta foi persistente e vários colegas acabaram por se juntar a ela mais tarde.

A adolescente repetiu a ação quase todas as sextas-feiras desde então e o seu empenho levou a que o movimento se repercutisse. Atualmente são mais de 70 os países onde os estudantes já realizaram protestos semelhantes, traduzindo a frase “Greve Escolar pelo Clima” para dezenas de línguas.

Para esta sexta-feira está agendada mais uma manifestação em defesa do ambiente e poderá ser uma das maiores de sempre a nível global. Estima-se que milhares de alunos em cerca de uma centena de países faltem às aulas para participar no protesto e exigir aos governos que tomem medidas urgentes em relação às alterações climáticas.

Em Portugal deverão realizar-se manifestações em pelo menos 27 localidades, entre as quais Lisboa e Porto. O ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, já declarou apoiar o movimento dos estudantes e considerou a causa “justa”.
“Tem de acontecer em breve”
Greta Thunberg sofre de mudez seletiva e de síndrome de Asperger, uma perturbação neurocomportamental que afeta as capacidades de comunicação. “Isso significa que apenas falo quando acho que é necessário. Este é um desses momentos”, frisou a adolescente durante uma palestra na qual participou em dezembro.

Em entrevista ao The Guardian, Greta confessou que, há um ano atrás, achava que não iria conseguir fazer a diferença. “Pensei que devia tentar fazer o que estivesse ao meu alcance, mas que isso nunca teria impacto. Mas depois (o movimento) tornou-se muito grande, eu não estava à espera. É inacreditável”.Greta já teve a oportunidade de conhecer Emmanuel Macron e Jean-Claude Juncker, a quem apelou para que sejam tomadas medidas a favor do ambiente.

“Precisamos de ações individuais, mas o que precisamos mais é de ações políticas radicais”, defendeu. “Já falei com vários políticos e dizem-me sempre que não conseguem fazer nada sem que haja vontade por parte das populações, e hoje em dia não se conseguem votos ao defender-se políticas ambientalistas radicais”.

“Isso precisa de mudar. Claro que existem outros políticos que não querem fazer nada em relação ao assunto pois isso é mais benéfico para eles. Mas temos de exercer pressão sobre esses políticos para que tomem medidas”.

“Posso levar a vida inteira a tentar, mas acho que não será necessário. Acho que as mudanças vão acontecer em breve. Algo tem de acontecer em breve, caso contrário não temos qualquer hipótese”, acrescentou Greta, apesar de garantir que vai manter-se paciente.
Nobel da Paz
Na quarta-feira, a jovem de 16 anos foi nomeada por três deputados noruegueses para o Prémio Nobel da Paz.

Freddy Andre Oevstegaard, um dos membros do Partido da Esquerda Socialista que nomeou Greta, justificou a decisão com o facto de a jovem ter “lançado uma companha em massa” que vê como um “enorme contributo para a paz”.

“Propusemos Greta Thunberg porque, se não fizermos nada para travar as alterações climáticas, estas originarão guerras, conflitos e refugiados”, avançou.

“Sinto-me honrada e muito grata por esta nomeação”, declarou a jovem no Twitter. “Amanhã continuamos a greve pelo nosso futuro. E continuaremos a fazê-lo pelo tempo que for necessário”.


No mesmo dia em que Greta foi nomeada para o Prémio Nobel da Paz, cerca de 60 jovens de 18 países estiveram numa sessão plenária do Parlamento Europeu que decorreu em França e denunciaram a falta de ação da União Europeia quanto às alterações climáticas.

"Vamos continuar a manifestar-nos até que os políticos deixem de falar e começarem a agir”, disse um dos ativistas, de apenas 11 anos.
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