Grupo islâmico armado prende e tortura civis no norte da Síria

por Lusa

Beirute, 28 jan (Lusa) - A Organização de Libertação do Levante, uma aliança islâmica que integra uma ex-filial da Al-Qaida, prendeu e torturou dezenas de civis no norte da Síria, denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).

A HRW documentou pelo menos 11 casos em que a aliança islâmica deteve civis de Idlib, a última fortaleza contra o presidente sírio Bashar al-Assad, "aparentemente pelo seu trabalho pacífico de documentar os abusos cometidos pelo grupo" e pelo menos seis desses detidos foram "aparentemente torturados".

Os testemunhos recolhidos indicam que os presos, incluindo um rapaz de 16 anos, foram "levados para locais que serviam como centros de detenção, onde foram interrogados", e seis deles, incluindo o menor, "foram torturados", de acordo com a organização não-governamental.

"Um homem disse que ficou pendurado pelos pés durante o seu interrogatório, enquanto outro disse que foi colocado dentro de uma câmara de aço, muito estreita, como de fosse um caixão, durante três horas", acrescentou.

A HRW diz que grupos sírios de direitos humanos registaram centenas de outros casos de prisões da Organização de Libertação do Levante, tanto na província de Aleppo como em Idlib, incluindo pelo menos 184 casos desde setembro de 2018.

"A repressão da organização contra os opositores ao seu grupo reflete algumas das mesmas táticas opressivas usadas pelo Governo sírio", disse Lama Fakih, vice-diretora do Médio Oriente da HRW, em comunicado.

"Não há desculpa legítima para prender adversários e sujeitá-los a detenções arbitrárias e tortura", insistiu a responsável.

O norte da república árabe tornou-se o último reduto da oposição, no qual se esperava uma ofensiva do Governo contra a região até que, em setembro, um acordo entre a Rússia e a Turquia travou tal tomada de posição.

A aliança islâmica "deve cessar o delírio de prisões causado pelo pânico e, em vez disso, dar prioridade à proteção de civis nas áreas sob seu controlo", disse a responsável.

Em janeiro de 2017, várias fações armadas sírias anunciaram a sua fusão com a Frente da Libertação do Levante (ex-Al-Qaida), anunciando a aliança denominada Agência de Libertação do Levante, que mantém o controlo de áreas em Idlib, Hama e Aleppo e que negou sua ligação à Al-Qaida.

Tanto o governo sírio como a sua aliada Rússia pretendem expulsar estes grupos islâmicos do território do país árabe.

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