Guerra e pandemia. Quando Trump dá uma aula de História tudo pode acontecer

por RTP
Kevin Lamarque, Reuters

O presidente norte-americano empreendeu explicar aos jornalistas o significado histórico da chamada "gripe espanhola". O saldo da breve preleção foi uma arrazoado de "factos alternativos".

Com o à-vontade que lhe é próprio, Donald Trump afirmou que a gripe de 1917 provavelmente acabou com a Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial acabou em 1945, mas esse erro ainda poderia passar como um lapsus linguae do presidente conhecido pela sua informalidade no manejo do idioma de Shakespeare.

Outras referências do seu breve discurso contêm erros mais difíceis de atribuir a alguma derrapagem acidental. A pandemia da gripe erradamente designada como "espanhola" declarou-se em 1918 e não em 1917.

Nesse sentido, está cronologicamente ligada ao fim da Primeira Guerra Mundial, porque os dois acontecimentos datam de 1918. Mas não existe uma relação de causa e efeito entre ambas. Os motivos da derrota dos impérios centrais (alemão e austro-húngaro) na Primeira Guerra Mundial nada têm a ver com a mortífera pandemia de influenza.

Inversamente, admite-se que o contágio galopante tenha sido em boa parte favorecido pela vida dos soldados nas trincheiras. Não foi o único factor para a disseminação da doença, mas influiu substancialmente nela.
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