Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o reacender do conflito israelo-palestiniano, após a vaga de ataques do Hamas e a consequente retaliação das forças do Estado hebraico.
Via Reuters
Cerca de 160 corpos de palestinianos foram encontrados, nas últimas 24 horas, sob escombros de Gaza, onde 6.500 pessoas continuam desaparecidas, segundo o Gabinete de Comunicação do Governo de Gaza, controlado pelo Hamas.
"As equipas da Defesa Civil continuam a retirar dezenas de mortos entre os escombros e das ruas e estradas, com recurso a métodos manuais e primitivos, e nas últimas horas foram retirados 160 mortos", lê-se num comunicado do Gabinete de Comunicação do Governo de Gaza, citado pela agência EFE, divulgado ao quinto dia de tréguas entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Por outro lado, "quase 6.500 pessoas continuam desaparecidas debaixo das ruínas, ou desconhece-se o seu destino, entre as quais mais de 4.700 mulheres e crianças", número aos quais se somam os mais de 15 mil palestinianos mortos nos bombardeamentos israelitas confirmados até agora.
Após a entrada em vigor, na sexta-feira passada, do acordo entre Israel e o Hamas, que incluiu inicialmente uma trégua de quatro dias e a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, Gaza vai avaliando a devastação causada desde o início do conflito, em 07 de outubro.
Os ataques israelitas causaram danos em cerca de 300 mil casas, das quais "50 mil ficaram completamente destruídas e 250 mil parcialmente".
Segundo o Hamas, é necessário "encontrar soluções humanitárias rápidas que sirvam para albergar mais de um quarto de milhão de famílias" que ficaram sem casa.
O Governo de Gaza alertou também para a "catástrofe humanitária" atual, à qual se junta "a chegada do inverno e das chuvas", bem como os cortes de eletricidades gerados pela escassez de combustível.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, após um ataque daquele grupo islamita em território israelita, que inclui o lançamento de mais de quatro mil mísseis e a entrada de cerca de três mil milicianos, que mataram perto de 1.200 pessoas e sequestraram 240 em comunidades israelitas perto da Faixa de Gaza.
A trégua atual, conseguida com mediação do Catar e dos Estados Unidos, vigora até quarta-feira, embora decorram negociações para uma prorrogação do prazo.
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou que este grupo de reféns portugueses não cumpre contudo os critérios que os torna prioritários para a libertação imediata.
Foto: Mohammed Salem - Reuters
O Catar acredita que o cessar-fogo entre Israel e Hamas poderá voltar a ser prolongado. No quinto dia de tréguas, o Hamas libertou mais 12 reféns - dez israelitas e dois estrangeiros. Israel libertou 30 prisioneiros palestinianos.
Israel libertou hoje 30 prisioneiros palestinianos, no quinto dia do cessar-fogo temporário com o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Ao início do dia, o Hamas libertou 12 reféns que mantinha em cativeiro desde 07 de outubro.
A libertação de palestinianos encarcerados em prisões israelitas faz parte do acordo de um cessar-fogo em curso entre as partes beligerantes e ocorreu numa altura em que os mediadores estão reunidos no Qatar para tentar prolongar o cessar-fogo para além de quinta-feira.
A adoção de sanções pela União Europeia a Israel, devido a violações humanitárias na ofensiva em Gaza é "improvável" e implicaria uma decisão unânime dos Estados-membros, esclareceu hoje Bruxelas.
"Para haver sanções os Estados-membros precisam, com unanimidade, de concordar", esclareceu o `lead spokesperson` do alto representante e vice-presidente da Comissão Europeia, Peter Stano, que falava aos jornalistas, em Bruxelas.
Tendo em conta a ligação histórica de alguns Estados a Israel, não é provável que tal venha a acontecer, notou a Comissão Europeia, ressalvando que, de momento, este assunto não está a ser discutido.
Este responsável vincou ainda que a União Europeia reconhece o direito de Israel defender-se, tendo em conta que o país foi atacado.
Contudo, essa resposta deve respeitar o direito internacional.
Alguns países-membros, mais recentemente a Espanha e a Bélgica, têm criticado a destruição de Gaza e o número elevado de vítimas mortais causados pelas forças israelitas.
Na passada quinta-feira, e no decurso de um encontro em Jerusalém com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o chefe do recém-empossado Governo de Espanha aproveitou para confirmar a sua posição na União Europeia (UE), ao criticar com veemência os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza.
"O mundo inteiro está chocado com as imagens que vemos diariamente. O número de palestinianos mortos é totalmente insuportável", disse Sánchez durante a reunião na qual também participou o primeiro-ministro belga Alexander De Croo.
Sánchez não hesitou em mencionar a "urgente" necessidade de "terminar com a catástrofe humanitária em curso", ao contrário de outros dirigentes europeus que se têm solidarizado com o líder israelita -- na sequência da primeira visita a Israel das presidentes da Comissão Europeia Ursula Von de Leyen e da presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola alguns dias após os ataques do Hamas e o início da guerra em Gaza.
Em 07 de outubro, o Hamas -- classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - efetuou um ataque de dimensões sem precedentes a território israelita, fazendo mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns, que mantém em cativeiro na Faixa de Gaza.
Iniciou-se então uma forte retaliação de Israel àquele enclave palestiniano pobre e desde 2007 controlado pelo Hamas, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira o cerco à cidade de Gaza.
Our teams have successfully facilitated the release and transfer of 12 hostages held in Gaza.
— ICRC in Israel & OT (@ICRC_ilot) November 28, 2023
We have been able to carry out this operation thanks to our neutral intermediary role.
O Exército israelita anunciou hoje que três dos seus soldados levados para a Faixa de Gaza pelo Hamas morreram em 07 de outubro, dia do ataque do grupo islamita contra Israel e do início do novo conflito na região.
Os militares mortos foram identificados como Shaked Dahan, 19 anos, Tomer Yaakov Achims, 20, e Kiril Borsky, 19.
Os três jovens morreram durante o ataque do Hamas e os seus corpos foram levados para a Faixa de Gaza.
Durante o ataque do grupo islamita palestiniano, mais de 240 pessoas foram capturadas em Israel e levadas para a Faixa de Gaza, onde ainda permanecem cerca de 170 reféns após a libertação, nos últimos quatro dias, de 51 israelitas e 18 estrangeiros sequestrados, como parte do acordo entre Telavive e o Hamas que levou à cessação temporária dos combates no território.
Em troca, Israel libertou 150 prisioneiros palestinianos, todos eles mulheres e crianças.
Os três soldados mortos aparecem como "sequestrados por uma organização terrorista" numa lista de soldados mortos desde 07 de outubro, atualizada hoje pelo Exército, que regista um total de 395 mortes entre tropas israelitas.
Entre estes, pelo menos 70 morreram durante a ofensiva terrestre na Faixa de Gaza que o Exército israelita lançou em 27 de outubro.
O anúncio da morte dos três militares surge no quinto dia de uma trégua entre o Exército israelita e o Hamas, que entrou em vigor na manhã de sexta-feira e que deverá durar até quinta-feira, embora haja negociações para uma possível prorrogação adicional.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, na sequência de um ataque do grupo islâmico, considerado terrorista por União Europeia e Estados Unidos, que incluiu o lançamento de mais de 4.000 foguetes e a infiltração de perto de 3.000 militantes, que mataram cerca de 1.200 pessoas e raptaram mais de 240 em comunidades israelitas próximas da Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram no enclave palestino, onde mais de 15 mil pessoas já morreram, segundo as autoridades da Faixa de Gaza, controlada desde 2007 pelo Hamas, a maioria delas crianças e mulheres, e estima-se que mais de sete mil pessoas estejam desaparecidas sob os escombros.
O exército de Israel e o grupo islamita Hamas acusaram-se mutuamente hoje de violação da trégua em vigor na Faixa de Gaza, após um incidente no norte do enclave em que vários soldados israelitas ficaram feridos.
"Durante a última hora, três dispositivos explosivos foram detonados ao lado de tropas das Forças de Defesa de Israel (FDI) em dois locais diferentes no norte da Faixa de Gaza, violando o quadro da pausa operacional. Num dos locais, os terroristas também abriram fogo contra as tropas, que responderam com fogo. Vários soldados ficaram levemente feridos nos incidentes", informou o porta-voz militar israelita.
Por seu lado, as Brigadas Al-Qasam, o braço armado do Hamas, denunciaram "uma clara violação da trégua" por parte de Israel durante um episódio de "atrito no terreno", embora tenham esclarecido que estão "comprometidos com a trégua enquanto o inimigo permanecer empenhado".
"Apelamos aos mediadores para que pressionem os ocupantes [Israel] a aderir a todos os termos da trégua, tanto no solo como no ar", disse o porta-voz da Brigada, Abu Obeida, que reconheceu, no entanto, que os combatentes do grupo "responderam hoje à violação" do acordo pelas tropas israelitas.
Estes episódios ocorrem no quinto dia de um cessar-fogo temporário entre Israel e o Hamas, depois de mais de um mês e meio de combates.
O acordo - mediado pelo Qatar, Egito e Estados Unidos e que inclui a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos e a entrada de ajuda humanitária em Gaza - entrou em vigor na manhã de sexta-feira e estava previsto para durar quatro dias.
Na segunda-feira, pouco antes de expirar, o Qatar anunciou uma prorrogação de dois dias, durante os quais os três elementos do pacto serão mantidos.
Hoje, está prevista a continuação da libertação de reféns cativos em Gaza e da libertação de prisioneiros palestinianos das prisões israelitas, algo que já ocorreu durante os últimos quatro dias, em que foram libertados 69 reféns israelitas e estrangeiros e 150 prisioneiros palestinianos.
O secretário de Estado norte-americano defendeu hoje a continuidade da trégua entre o movimento islamita Hamas e Israel, prolongada por mais dois dias, para fazer regressar o maior número possível de reféns.
"Estou satisfeito por ver que os reféns estão a voltar [...], queremos que [a trégua] continue durante o maior tempo possível para retirar o maior número de pessoas [sequestradas] possível", sustentou Blinken, à entrada para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica, no quartel-general da organização, em Bruxelas.
O diplomata dos Estados Unidos disse que está hoje em Bruxelas para discutir o agravamento das tensões no Médio Oriente, desencadeado pelo conflito entre o Hamas e Israel: "A NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] está a desenvolver ações importantíssimas para fazer face a todos os desafios com que nos deparámos, e vamos enfrentá-los juntos".
Em simultâneo, e numa altura em que é questionada a continuação do apoio dos Estados Unidos da América (EUA) à Ucrânia, pelo arrastamento do conflito e pela influência que terá nos cofres da Reserva Federal, Antony Blinken quis apaziguar, pelo menos, os ânimos diplomáticos, garantindo que o país e todos os aliados continuam ao lado de Kiev: "É ainda mais importante que continuemos a apoiar a Ucrânia".
O secretário de Estado dos EUA acrescentou que a reunião de hoje e quarta-feira também vai ser o `pontapé de saída` para a organização da próxima cimeira da NATO, o 75.º aniversário, no próximo ano, em Washington.
Nesse sentido, Blinken disse que a cimeira vai ser um ponto de partida para uma visão estratégica reforçada da NATO em todos os flancos, não só o leste, não apenas o Médio Oriente, mas também o Indo-Pacífico e o sul, nomeadamente África, onde, por exemplo, a presença de grupos paramilitares como a russa Wagner ou organizações extremistas, operam e estão a ganhar tração há anos.
À chegada à mesma reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, também referiu que a reunião serviria para começar a preparar a cimeira do próximo ano e destacou a atenção que vai ser dada ao flanco sul, uma preocupação particular de Portugal, vertida nas conclusões da cimeira deste ano, em julho.
De acordo com o exército, num dos incidentes foi disparado um tiro contra um soldado das IDF e houve uma troca de tiros. Em ambos os casos, as forças do exército mantiveram-se dentro das linhas de cessar-fogo acordadas.Over the last hour, 3 explosive devices were detonated adjacent to IDF troops in 2 different locations in northern Gaza, violating the framework of the operational pause.
— Israel Defense Forces (@IDF) November 28, 2023
In one of the locations, terrorists also opened fire at the troops, who responded with fire. A number of…
O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou que ainda há seis reféns de nacionalidade portuguesa na Faixa de Gaza. O anúncio foi feito por João Gomes Cravinho em Bruxelas durante uma reunião da NATO.
Muitos palestinianos estão a aproveitar a pausa nos ataques para regressar a casa. Mas, apesar das centenas de camiões de ajuda humanitária que estão a entrar no território, há ainda várias carências.
Foto: Ala militar do Hamas/Handout via Reuters
Foram libertados ontem mais 11 reféns israelitas, entre eles, dois filhos de um cidadão português de 53 anos, também refém. Em troca, 33 palestinianos saíram das prisões de Israel, já passava da meia-noite.
A maioria são mulheres e menores.
Israel tem já preparadas equipas médicas para receber os 10 israelitas que vão ser libertados pelo Hamas. Os 33 prisioneiros palestinianos que vão ser libertados também estão prontos para regressar a casa.
The humanitarian pause in #Gaza has been crucial in ramping up aid efforts, enabling @UN and partners, primarily @EG_Red_Crescent & @PalestineRCS, to deliver much-needed assistance.
— UN Humanitarian (@UNOCHA) November 28, 2023
Aid groups are now urging the re-opening of more crossing points to meet overwhelming needs. 🔽
A ONU está a aproveitar todos os minutos da trégua na Faixa de Gaza para levar ajuda à população, mesmo durante a noite, disse hoje o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da organização.
Como a circulação de camiões de ajuda humanitária se prolongou noite dentro, a ONU não especificou quantos desses veículos conseguiram entrar em Gaza na segunda-feira, segundo a agência espanhola EFE.
De acordo com o relatório diário do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (conhecido pela sigla inglesa OCHA) sobre a situação em Gaza, a trégua foi amplamente respeitada pelo quarto dia consecutivo.
A suspensão das hostilidades permitiu que os funcionários humanitários continuassem a entregar ajuda aos abrigos onde se encontram os civis, sobretudo no sul, onde se concentra a maioria das 1,8 milhões de pessoas deslocadas internamente pela guerra.
O OCHA considerou, no entanto, que a circulação da ajuda deve ser reforçada e defendeu como extremamente necessária a abertura da passagem de Kerem Shalom entre Gaza e Israel.
Até ao início da guerra, em 07 de outubro, Kerem Shalom, também no sul de Gaza, era o principal ponto de entrada de mercadorias no enclave palestiniano.
Israel encerrou todas as passagens com a Faixa de Gaza, e a entrada de ajuda faz-se apenas pela fronteira com o Egito, em Rafah, o único ponto não controlado pelas autoridades israelitas.
O OCHA referiu também, no relatório divulgado em Genebra, ser necessário fazer chegar ajuda ao norte da Faixa de Gaza, onde permanece um número considerável de civis e onde o acesso é impossível há semanas.
Apesar de não ter contabilizado os camiões que entraram em Gaza, o OCHA disse que entre os fornecimentos se encontram "pequenas quantidades de combustível" que foram entregues a instalações de produção de água.
Os trabalhadores humanitários também estão a fazer um esforço para educar a população sobre o perigo dos restos de explosivos, segundo o OCHA.
A ação é muito urgente, já que as pessoas estão a aproveitar a trégua para se deslocarem de um lugar para outro, incluindo áreas que podem estar contaminadas, acrescentou.
A Faixa de Gaza, com 2,3 milhões de habitantes, é controlada pelo grupo islamita palestiniano Hamas desde 2007.
Em 07 de outubro, o Hamas realizou um ataque sem precedentes em Israel e matou mais de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.
Israel acusou ainda o Hamas de ter feito mais de duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas e bombardeou a Faixa de Gaza até as partes terem chegado a acordo para uma trégua de quatro dias, que começou na sexta-feira, entretanto prolongada por dois dias.
A pausa nos combates destina-se à troca de reféns do Hamas por palestinianos presos em Israel e à entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Até ao início da trégua, os ataques do exército israelita na Faixa de Gaza tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas.
O coordenador especial das Nações Unidas para o processo de paz no Médio Oriente denunciou hoje que "a situação em Gaza continua a ser catastrófica", apesar da entrada de ajuda humanitária graças à trégua entre Israel e o Hamas.
"A situação humanitária em Gaza continua a ser catastrófica e exige a entrada urgente de ajuda e outros bens adicionais de forma continua e previsível para aliviar o sofrimento insuportável dos palestinianos de Gaza", disse Tor Wennesland num comunicado.
O coordenador da ONU mostrou, no entanto, a sua "satisfação" com a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, que descreveu como "um importante avanço humanitário, especialmente para os civis que têm vivido em agonia, sob armas ou bombardeamentos".
Na sua mensagem, Winnesland reiterou a necessidade de o Hamas libertar todos os reféns que mantém em Gaza, insistindo no apelo feito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para a implementação de um cessar-fogo.
O Hamas e Israel concordaram inicialmente com uma trégua de quatro dias que começou na sexta-feira e foi prorrogada na segunda-feira por mais dois dias, permitindo a libertação de 51 israelitas e 18 estrangeiros, bem como a libertação de 150 prisioneiros palestinianos.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, na sequência de um ataque do grupo islamita palestiniano que provocou a morte de cerca de 1.200 pessoas e ainda levou ao rapto de mais de 240 em comunidades israelitas próximas à Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram no enclave palestiniano, onde mais de 15 mil pessoas já morreram, a maioria crianças e mulheres, segundo as autoridades da Faixa de Gaza -- controlada pelo Hamas -, estimando-se que mais de sete mil pessoas estejam desaparecidas sob os escombros.
Lusa/Fim
O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano será este ano marcado pelo conflito em Gaza, apelos ao relançamento da solução de dois estados e o admitido reconhecimento unilateral do Estado palestiniano por países europeus como Espanha e Bélgica.
Na passada quinta-feira, e no decurso de um encontro em Jerusalém com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, o chefe do recém-empossado Governo de Espanha aproveitou para confirmar a sua posição na União Europeia (UE), ao criticar com veemência os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza.
"O mundo inteiro está chocado com as imagens que vemos diariamente. O número de palestinianos mortos é totalmente insuportável", disse Sánchez durante a reunião na qual também participou o primeiro-ministro belga Alexander De Croo.
Sánchez não hesitou em mencionar a "urgente" necessidade de "terminar com a catástrofe humanitária em curso", ao contrário de outros dirigentes europeus que se têm solidarizado com o líder israelita -- na sequência da primeira visita a Israel das presidentes da Comissão Europeia Ursula Von de Leyen e da presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola alguns dias após os ataques do Hamas e o início da guerra em Gaza.
Mas o chefe do Governo espanhol, cujo país assume a presidência rotativa semestral da União Europeia desde julho até ao final deste ano, foi mais longe, mesmo que tenha sublinhado a necessidade de Israel se "defender" após as "atrocidades" cometidas pelo movimento islamita palestiniano Hamas nos ataques de 07 de outubro.
No decurso desta sua deslocação à região, e durante uma paragem na sexta-feira no lado egípcio de Rafah, a única passagem fronteiriça aberta com a Faixa de Gaza, Sánchez admitiu que a Espanha pode reconhecer de forma unilateral a Palestina caso os restantes parceiros europeus não se decidam por um reconhecimento coordenado.
"Chegou o momento para que a comunidade internacional e particularmente a União Europeia tomem uma decisão sobre o reconhecimento do Estado palestiniano", disse, uma forma de demonstrar que na UE existem diversas "sensibilidades" em torno do prolongado conflito israelo-palestiniano.
"Seria importante que o fizéssemos juntos. Mas se isso não acontecer, decerto que a Espanha adotará as suas posições", acrescentou, para também defender que a trégua então anunciada por Israel e o Hamas se deveria tornar "permanente".
O Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina é assinalado anualmente a 29 de novembro. O seu objetivo é sensibilizar a comunidade internacional para o direito de autodeterminação do povo palestiniano, bem como reafirmar o compromisso e a solidariedade que a Organização das Nações Unidas tem para com este povo. Este dia foi implementado em 1977 através da Resolução 32/40 B da Assembleia Geral da ONU.
O Estado da Palestina possui o estatuto de observador na Assembleia Geral das Nações Unidas, após ter sido admitido em novembro de 2012. Atualmente, é oficialmente reconhecido por 139 (72%) dos 193 Estados-membros da organização mundial, e quando Israel é reconhecido por 165 países.
No ocidente, as posições dos diversos países são reveladoras da fratura que prevalece. Entre os países da UE, a Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos e Portugal -- 19 dos 27 Estados-membros --, ainda não reconheceram oficialmente o Estado da Palestina, uma posição naturalmente adotada pela Austrália, Canadá, Estados Unidos, Japão, Reino Unido, e Israel.
A alusão de Pedro Sánchez a um possível reconhecimento unilateral da Palestina pela Espanha, e no rescaldo do atual conflito israelo-palestiniano, poderá ser decisivo para uma alteração das posições de alguns países, e quando a pressão da rua não parece esmorecer.
A posição de Sanchez foi interpretada como uma forma de reforçar o peso internacional de Espanha, na esperança de que a sua posição provoque um "efeito de arrastamento" na UE, e quando os países ocidentais continuam a ser muito criticados pelo mundo árabe, onde são considerados demasiado favoráveis a Israel.
Neste sentido, o chefe do Governo espanhol também defendeu uma cimeira internacional de paz no prazo de seis meses, para encontrar uma "solução definitiva" para o prolongado conflito, sendo neste caso apoiado por outros Estados-membros da UE.
No entanto, o anterior Executivo de Sánchez também não escapou a críticas de diversas capitais árabes quando em março de 2022 decidiu terminar um grave contencioso diplomático com Rabat ao aceitar as posições de Marrocos sobre o Saara Ocidental, mais tarde concretizadas com o anúncio pelo primeiro-ministro marroquino de "uma nova parceria económica ao serviço do desenvolvimento".
A reação de Israel aos propósitos de Sánchez sobre a Palestina foi imediata, e também dirigida a De Croo, que lhe sucede em 01 de janeiro na presidência da UE.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita convocou no próprio dia os embaixadores de Espanha e Bélgica na sequência das "falsas" informações emitidas pelos dois dirigentes europeus, e consideradas "um apoio ao terrorismo" do Hamas.
Netanyahu também condenou "rotundamente" as declarações de Sánchez e De Croo, ao assinalar que ambos não foram demasiado incisivos nas críticas ao Hamas pelos ataques a civis israelitas ou a "utilização" de civis palestinianos como "escudos humanos".
Em Madrid, o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, convocava por sua vez a embaixadora de Israel em Madrid para fornecer "explicações" pelas "inaceitáveis e falsas declarações" do Governo israelita dirigidas a Sánchez e De Croo.
O secretário-geral da ONU diz que o alargamento do cessar-fogo é um sinal de esperança, mas insuficiente.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, vai realizar mais uma visita a Israel e à Cisjordânia até ao final da semana, bem como ao Dubai, adiantou hoje fonte da diplomacia dos Estados Unidos.