Hong Kong. Maioria das estações do metro fechadas, previstos novos protestos

por Lusa

Hong Kong, China, 06 out 2019 (Lusa) - A maioria das estações de metropolitano em Hong Kong continuam hoje fechadas, dois dias depois de violentos confrontos, e quando estão previstas novas manifestações para esta tarde.

Os representantes pró-democracia no Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) vão defender hoje um recurso contra a decisão do Governo da região administrativa especial chinesa de proibir o uso de máscaras nas manifestações não-autorizadas.

A decisão, anunciada na sexta-feira pela chefe do executivo, Carrie Lam, desencadeou uma forte contestação e esteve na origem de uma noite de violentos confrontos e a vandalização de vários estabelecimentos comerciais e estações do metro, cuja sociedade gestora MTR é acusada pelos manifestantes de ser pró-Pequim.

Hong Kong vive há quatro meses a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 01 de julho de 1997, com manifestações quase diárias para denunciar a alegada erosão das liberdades, a crescente influência do Governo chinês nos assuntos da região semiautónoma e para exigir reformas democráticas.

A MTR anunciou, entretanto e após um sábado em que todos os serviços de metro e comboio estiveram suspensos, que 45 estações estavam hoje a funcionar, mas 48 iam continuar fechadas, sobretudo nas zonas mais turísticas do centro da cidade, particularmente afetadas pela contestação.

Nas redes sociais utilizadas como meio de comunicação dos manifestantes surgiram vários apelos para um novo protesto durante a tarde, em Victoria Park, um grande parque no centro da ilha de Hong Kong.

No sábado, milhares de pessoas saíram à rua em protestos não autorizados contra a `lei anti-máscara`, tendo a noite sido marcada por ataques incendiários, pilhagens, confrontos com as forças de segurança e agressões, bloqueios de estradas, a vandalização de estações de metro e estabelecimentos comerciais com ligações à China.

A polícia recorreu a granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

A lei, invocada na sexta-feira por Carrie Lam, data de 1922, quando Hong Kong era ainda uma colónia britânica. Esta legislação, usada pela última vez durante os motins de 1967, autoriza o executivo a tomar "qualquer medida", sem a "luz verde" do LegCo, numa situação de emergência ou de perigo para a população.

A decisão foi saudada por Pequim e pelos apoiantes do Governo, mas oposição e manifestantes pró-democracia viram neste anúncio o princípio de uma deriva autoritária.

"Creio que esta é uma das questões de constitucionalidade mais importantes da história de Hong Kong", declarou aos jornalistas o deputado Dennis Kwok, em relação ao recurso formulado contra esta decisão.

"Esta poderá ser a nossa última batalha constitucional. Em nome da lei, eles tentam prejudicar as pessoas e esmagar a oposição", acrescentou.

A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".

Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

EJ (JMC) // VM

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