Igreja proíbe que as cinzas dos defuntos sejam espalhadas ou divididas por familiares

por RTP
Tony Gentile - Reuters

A igreja Católica apresentou esta terça-feira um documento que proíbe que as cinzas dos defuntos sejam espalhadas pela natureza ou por locais profanos. Estas devem ficar em locais sagrados para a fé cristã.

 A Igreja Católica apresentou esta terça-feira um documento que proíbe que as cinzas sejam espalhadas, divididas entre os familiares ou conservadas em casa.

Esta instituição continua a preferir que os mortos sejam enterrados apesar de, por razões de higiene ou pela vontade expressa do recém-falecido, aceitar que nestes casos se opte pela cremação.



Segundo o documento orientador escrito pela Congregação para a Doutrina da Fé (o antigo Santo Oficio) que foi assinado e subscrito pelo Papa Francisco, a proibição pretende evitar mal entendidos entre panteístas, naturalistas ou niilistas.

Este documento já foi aprovado e intitula-se Ad resurgendum cum Christo ("Para ressuscitar com Cristo"), e vem substituir outro elaborado em 1963, que afirmava que "não era permitido o lançamento das cinzas no ar, na terra, na água ou sob qualquer outra forma, ou a conversão das cinzas em recordações comemorativas, em peças de joelharia ou outros artigos". Advertia ainda que, "caso o falecido seja submetido à cremação e a dispersão das suas cinzas aconteça por razões contrárias às da fé cristã, o funeral deverá ser recusado".
A conservação das cinzas só será permitida "em casos graves e em circunstâncias excecionais".

A Congregação para a Doutrina da Fé diz que emitiu um documento assim drástico para regair às novas práticas de enterro e cremação que se têm visto, "contrárias à fé da Igreja".

Segundo este instituto, as cinzas devem manter-se "regra geral num lugar sagrado, por exemplo, num cemitério, numa igreja ou numa área especialmente dedicada a tal fim por uma autoridade eclesiástica competente".

O cardeal alemão Gerhard Mueller afirmou durante a apresentação do documento "Os mortos não são propriedade dos familiares, são filhos de Deus, formam parte de Deus e são esperados num campo santo de ressurreição".

Apesar de tudo, a igreja admite que "não existem razões doutrinais" para proibir a cremação - "a cremação do cadáver não toca a alma e não impede a omnipotência divina de ressuscitar o corpo".
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