Impeachment. Trump ataca Bolton com o julgamento a entrar numa fase crucial

por RTP
Kevin Lamarque - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos usou, esta quarta-feira, a sua conta do Twitter para atacar o ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, depois de este o ter implicado diretamente no escândalo ucraniano. Os ataques de Trump surgem numa altura em que o julgamento caminha para uma fase crucial, com a possibilidade de Bolton ser chamado a testemunhar.

Esta quarta-feira, Trump atacou Bolton na sua conta do Twitter, começando por dizer que o ex-conselheiro de Segurança Nacional “não conseguiu aprovação para ser embaixador da ONU há alguns anos atrás, não conseguia ser aprovado para nada desde essa altura” e que lhe “implorou por um emprego no Senado”.

Na passada segunda-feira, John Bolton, antigo conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, colocou Donald Trump contra a parede depois de terem sido divulgadas passagens de um dos seus livros, ainda por publicar, onde contradiz a versão de Donald Trump sobre os acontecimentos.

Bolton afirma que o Presidente dos EUA lhe revelou diretamente que a ajuda militar à Ucrânia estava condicionada a uma investigação por parte do governo ucraniano aos seus rivais democratas, especificamente Joe Biden.


“Se eu lhe desse ouvidos, nós estaríamos na Sexta Guerra Mundial”
, escreveu Trump, acrescentando que Bolton – que abandonou os seus serviços em setembro – “sai e imediatamente escreve um livro desagradável e falso”.

“Porque é que John Bolton não reclamou sobre este 'disparate' há muito tempo atrás, quando ele foi demitido publicamente?”, questionou ainda o Presidente norte-americano.
Pesadelo dos republicanos a tornar-se realidade?

O testemunho de Bolton fez crescer a ansiedade dos republicanos no processo do impeachment, que avança agora para uma das fases mais importantes.

Os senadores começam esta semana a interrogar as equipas de acusação e de defesa. Passada esta fase, segue-se na sexta-feira uma votação crucial em que se decide sobre a possibilidade de serem convocadas testemunhas, ou se se avança para a votação final do impeachment.

Os republicanos veem o seu maior pesadelo a caminho de poder tornar-se realidade, depois de o líder da maioria republicana no Senado ter dito que o seu partido não tinha ainda votos suficientes para impedir os democratas de chamar testemunhas. Na lista de testemunhas dos democratas, John Bolton estará no topo. Até agora, os republicanos no Senado recusaram a chamada de testemunhas ou novas provas, unindo esforços para que a votação do julgamento aconteça o mais rápido possível para absolver Trump das acusações.

A hipótese de serem convocadas testemunhas permanece, no entanto, ainda em aberto. Até sexta-feira, é possível que os republicanos consigam os votos necessários para travar a chamada de testemunhas. Tudo depende de um número desconhecido de senadores republicanos que ainda não manifestaram a sua intenção nesta matéria. O caminho fica aberto para a chamada de testemunhas caso, no mínimo, quatro republicanos votem de acordo com o Partido Democrata.
“É tempo de isto acabar”
Na terça-feira foi concluída a fase de apresentação dos argumentos por parte dos advogados de Trump contra a sua destituição.

Os advogados da Casa Branca defenderam que o Presidente dos EUA não cometeu nenhum crime passível de punição e tentaram descredibilizar as alegações de John Bolton, considerando o seu testemunho “inadmissível”.

"Está na hora de isto acabar, aqui e agora", disse o advogado principal da Casa Branca, Pat Cipollone.

O julgamento de Trump por abuso de poder e obstrução do Congresso segue agora para a fase de interrogatório às equipas de acusação e de defesa. As perguntas serão alternadas entre senadores republicanos e democratas.
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