Incêndios na Grécia: Pelo menos 60 mortos e dezenas de feridos

por RTP
Costas Baltas - Reuters

"O número de mortos está a aumentar. Já superou os 60", disse à Skai TV Evangelos Bournous, presidente da Câmara de Rafina-Pikermi. Mais de 150 pessoas ficaram feridas devido aos incêndios florestais que varreram várias localidades, como é o caso de Mati, uma pequena cidade turística perto de Atenas. De acordo com os últimos dados da Proteção Civil grega, 11 pessoas encontram-se em estado grave. Muitas famílias morreram em viaturas e habitações e outras atiraram-se ao mar.

Segundo a Cruz Vermelha, depois de terem sido encontrados 24 corpos, os bombeiros descobriram um outro grupo de 26 pessoas, já sem vida, num campo localizado na pequena cidade de Mati. O balanço do número de vítimas mortais subiu depois para mais de 60 mortos, de acordo com o presidente da Câmara de Rafina-Pikermi.

"Fui informado por um membro da equipa de resgate que viu uma foto chocante de 26 pessoas amontoadas num campo a cerca de 30 metros da praia", disse Nikos Economopoulos, chefe da Cruz Vermelha da Grécia, à Skai TV. 

"Tentavam encontrar uma rota de fuga, mas infelizmente essas pessoas e os filhos não conseguiram salvar-se a tempo", acrescentou Economopoulos. Outras testemunhas também relatam ter visto vários corpos na área.

Os serviços de emergência continuam a receber telefonemas a alertar para o desaparecimento de pessoas.
O porta-voz do governo, Dimitris Tzanakopoulos, disse que mais de 88 adultos e 16 crianças ficaram feridos. Acreditava-se que uma das vítimas mais jovens era um bebé de seis meses que morreu de inalação de fumo.
De acordo com os bombeiros, ainda existem três incêndios em curso na região de Ática.

Para além disso, há também frentes de fogo que lavram com intensidade noutras regiões do país, particularmente na área de Corinto, no Peloponeso, e na ilha de Creta.

Na segunda-feira, as autoridades gregas pediram a moradores de uma região costeira para abandonarem as casas, enquanto outro incêndio florestal acontecia, interrompendo uma das estradas mais movimentadas da Grécia.

As operações de combate aos incêndios continuaram durante a noite. No entanto, foram prejudicadas por fortes ventos.
Declarado estado de emergência
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, diz que está a ser feito tudo o que é possível para controlar os incêndios. Alexis Tsipras mostra-se muito preocupado com as várias frentes de chamas que têm surgido em algumas zonas.


“Faremos o que é humanamente possível para controlar os incêndios, apesar de me preocuparam os fogos simultâneos a leste e a oeste e Ática”, disse o primeiro-ministro. Tsipras declarou três dias de luto na Grécia.

Depois de as autoridades terem declarado o estado de emergência e solicitado ajuda internacional, Dimitris Tzanakopoulos anunciou que os aviões de combate aos incêndios chegarão hoje de Espanha, bem como voluntários do Chipre.

No entanto, devido ao aumento das temperaturas, a Grécia encontra-se numa corrida contra o tempo para controlar os incêndios.
“Sinto-me sortuda por estar viva”

A guarda costeira grega disse que os corpos de quatro pessoas foram retirados do mar perto de Mati.

No total, a guarda costeira e outras embarcações resgataram 696 pessoas que fugiram para as praias. Barcos retiraram outras 19 pessoas do mar.

“Mati já nem existe. Vi cadáveres, carros ardidos. Sinto-me sortuda por estar viva”, disse uma habitante de Mati à TV Skai.Mati fica na região de Rafina e é popular entre turistas, reformados e crianças em acampamentos de férias.

"Pelo menos 100 casas estavam em chamas", disse Evangelos Bournous, presidente da área de Rafina-Pikeri ao jornal britânico The Guardian. “Vi com os meus próprios olhos. É uma catástrofe”, acrescentou.
Centenas de casas destruídas

Nove navios de patrulha costeira, dois navios militares e dezenas de barcos particulares - auxiliados por helicópteros do exército - foram mobilizados para ajudar os que estavam presos no porto de Rafina. 

Dezenas de casas ficaram destruídas. Vários moradores usaram mangueiras para tentar apagar os incêndios, enquanto a polícia ajudava na evacuação de algumas áreas.

As autoridades enviaram bombeiros e equipamentos de toda a Grécia para lidar com um incêndio em Kineta, uma pequena cidade a cerca de 54 quilómetros de Atenas.

Um chefe dos bombeiros apelou, na estação televisiva pública grega, para que as pessoas deixassem a área.

“As pessoas precisam de sair, fechar as casas e simplesmente sair. Não podem tolerar tanto fumo por tantas horas ”, disse Achilleas Tzouvaras. "Esta é uma situação extrema", rematou.

Os incêndios são um problema recorrente durante os meses quentes e secos do verão na Ática. As chamas desta semana foram provocadas por ventos fortes.

Para além disso, as autoridades revelaram à agência de notícias France-Presse que os atuais fogos podem ter sido iniciados por incendiários que pretendem roubar casas abandonadas.

Foi de longe o pior incêndio do país desde 2007, quando dezenas de pessoas morreram na península do sul do Peloponeso.

c/Lusa
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