Inquérito sobre pedofilia na Austrália com números alarmantes

por Jorge Almeida - RTP
David Gray - Reuters

Estima-se que mais de 60 mil crianças tenham sido vítimas de abusos sexuais na Austrália nas últimas décadas. No topo da lista dos abusadores estão membros da igreja católica.

É o relatório final de um estudo feito de cinco em cinco anos pela Comissão Real australiana sobre abusos sexuais a menores. O resultado final diz, letra por letra, que as instituições “falharam gravemente”.

Os principais abusadores foram identificados nas igrejas, em escolas e em clubes desportivos.

"Dezenas de milhares de crianças foram abusadas sexualmente em muitas instituições australianas. Nunca conheceremos o número verdadeiro. Não é um caso de algumas maçãs podres. As principais instituições da sociedade falharam seriamente", lê-se no relatório.

O primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, afirmou que "uma tragédia nacional" foi exposta aos olhos de todos.
Denúncias na confissão e celibato voluntário
A Comissão Real recomendou que os bispos católicos australianos deviam pedir ao Vaticano uma alteração da lei canónica para que os abusos possam ser denunciados mesmo através da confissão.

Em outro ponto, o relatório considera que a igreja católica devia ponderar o celibato voluntário, embora “não seja uma causa direta dos abusos infantis”.

O presidente da Conferência Episcopal Australiana, o arcebispo Denis Hart, fez um pedido de desculpas "incondicional".

No entanto rejeitou mudar as regras de confissão. "O selo do confessionário, ou o relacionamento com Deus que é levado pelo sacerdote e com a pessoa, é inviolável", referiu Denis Hart.

Relatório recomenda o celibato voluntário e que a confissão possa ser denunciada. Foto: Max Rossi - Reuters

O arcebispo católico de Sydney, Antony Fisher, disse aos jornalistas que o abuso sexual infantil é "um problema de todos, com celibato ou não" e afirmou que o problema também ocorre em famílias e instituições que não estão ligadas à igreja.

A figura anglicana mais importante na Austrália, o arcebispo de Melbourne, Philip Freier, pediu desculpas pelas "falhas e pela maneira vergonhosa em que às vezes trabalhamos e desencorajamos aqueles que veem até nós para relatar um abuso".
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