Intervenção rara de Michael Jordan condena "racismo arraigado" nos EUA

por Marcos Celso - RTP
Twitter; Reuters;

Naquela que é uma aparição rara em termos políticos, o antigo campeão da NBA vem apelar a "expressões pacíficas" para combater as injustiças raciais num país incendiado pelo caso George Floyd.

Habituado a marcar pontos - muitos pontos - na área desportiva, Michael Jordan raramente se expressa publicamente sobre temas dominantes da sociedade norte-americana, sendo mesmo recordado por ter negado em 1990, numa corrida ao Senado no seu Estado natal, a Carolina do Norte, o apoio ao democrata Harvey Gantt, um afro-americano que enfrentava o republicano Jesse Helms, visto como um notório racista.

No entanto, passados 30 anos, Jordan não aguentou ver o triste episódio “George Floyd” e disparou o sentimento de “muita raiva”, a par do de “muita dor”, sobre o que considera ser “um racismo e violência arraigados” no país que o consagrou – por uma grande maioria – como o melhor jogador de basquetebol de todos os tempos.



Habituado a ser campeão e a lutar para vencer, Jordan mostrou num comunicado divulgado pelo Charlotte Hornets, a sua equipa da NBA, o seu apoio aos atuais protestos "em campo" e que varrem diversas cidades e pretendem ver uma reviravolta na abordagem deste tema: “Eu defendo aqueles que estão a denunciar o racismo e a violência arraigados contra pessoas de cor no nosso país. Já tivemos o suficiente”, sublinhou o ex-atleta. 

Apesar deste inconformismo, a antiga estrela desportiva opta pela via pacífica e refere que os americanos precisam de trabalhar juntos para enfrentar o problema e tentar encontrar soluções.

"Não tenho respostas, mas as nossas vozes coletivas mostram força e não poderão ser divididas por outras pessoas. Precisamos de nos ouvir uns aos outros, de mostrar compaixão e empatia e nunca voltarmos as costas à brutalidade sem sentido ”, escreveu Jordan.

Neste comunicado, Michael Jordan dirigiu algumas palavras de simpatia à família de Floyd e outros que sofreram igualmente em situações semelhantes. "O meu coração está com a família de George Floyd e com os muitos outros cujas vidas foram levadas brutal e absurdamente por atos de racismo e injustiça", desabafou o eterno craque dos mega-recintos desportivos.

Atualmente com 57 anos de idade, o antigo “astro” do Chicago Bulls tem sido falado graças ao bem sucedido documentário “The Last Dance” que retrata a fase final da sua carreira desportiva.

Agora, perante uma América em convulsão, Jordan viu-se quase que obrigado a intervir politicamente no tema racial nos EUA. E a julgar pela sua sensatez, é provável que continue a ser certeiro, tal como o fez em muitos cestos do basquetebol.




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