Irão lança satélite militar e EUA pedem "responsabilização"

por RTP
Reuters

O Irão terá lançado "com êxito" o primeiro satélite militar do país, segundo anunciaram os Guardas da Revolução, esta quarta-feira. No mesmo dia, os Estados Unidos pediram que o Irão fosse responsabilizado pelo lançamento, alegando que contraria resoluções das Nações Unidas.

Nour, como foi batizado o satélite, foi "lançado com êxito esta manhã, a partir do foguetão de dois andares Qassed, do deserto de Markazi, no Irão", indicou o 'site' Sepahnews dos Guardas da Revolução, corpo de elite da República Islâmica.

"O primeiro satélite da República Islâmica do Irão foi lançado em órbita com sucesso pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC)", lê-se no site oficial das forças militares.

Nour - que pode significar "luz" ou "brilho" - foi lançado com recurso a um foguetão Qassed, no deserto de Markazi. E, segundo a AFP, o lançamento foi realizado sem um fim específico descriminado.

De acordo com os Guardas da Revolução iranianos, o lançamento deste primeiro satélite para o espaço decorreu no âmbito de um programa espacial militar secreto, numa altura em que aumentam as tensões entre Washington e Teerão.

Não é, no entanto, a primeira tentativa iraniana para lançar um satélite militar. Nos últimos meses, Teerão tentou vários lançamentos de satélites acabando por falhar todos. O mais recente foi ainda em fevereiro deste ano.

Os sucessivos falhanços levantaram, contudo, suspeitas de interferência externa no programa aeroespacial iraniano.

O lançamento do satélite iraniano agravou o conflito com os EUA e aconteceu no mesmo dia em que Donald Trump pediu à Marinha norte-americana para destruir qualquer embarcação iraniana que ameace navios dos EUA na região Golfo.


Há uma semana, o Pentágono acusou Teerão de estar a realizar "manobras perigosas" na região do Golfo, alegando que 11 lanchas dos Guardas da Revolução se atravessaram repetidamente em frente a navios dos Estados Unidos que patrulham o mar, a pouca distância e a grande velocidade.
Estados Unidos pedem responsabilidade ao Irão

Depois de o Irão ter anunciado o lançamento do satélite, esta quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse que o Irão será responsabilizado pelo lançamento de um satélite militar, que contraria resoluções das Nações Unidas.

"Penso que o Irão deve ser responsabilizado pelo que fez", declarou hoje o chefe da diplomacia norte-americana, alegando que o Irão violou uma resolução da ONU.

Para Pompeo as autoridades de Teerão ao colocarem em órbita o satélite de observação militar, violaram os termos da resolução 2231, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2015, e por esse motivo deverão responder perante a comunidade internacional.

A resolução 2231 da ONU, aprovada pelo Conselho de Segurança em 2015, estabelece que o Irão deve pôr termo aos programas de mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares.

"Todas as nações têm a obrigação de avaliar se o lançamento feito pelo Irão é consistente com as resoluções das Nações Unidas", disse Mike Pompeo.

Na ótica de Pompeo o lançamento deste satélite confirma o que tem vindo a afirmar a Administração Trump: o programa de mísseis iraniano tem um objectivo militar.

Não é novidade que os EUA receiam que o desenvolvimento iraniano de tecnologia de satélites seja uma forma de encobrir a alegada produção de mísseis balísticos.

Entretanto, Teerão já veio dizer que não violou nenhuma resolução da ONU sobre o seu programa de mísseis balísticos, já que a organização apenas instou o Irão a não realizar esses testes.

Numa altura em que o mundo tenta lidar com a pandemia da Covid-19 e com as históricas quedas do preço do petróleo, há quem já considere que o Irão ao lançar este satélite poderá intensificar as tensões com os EUA. O facto é que o lançamento acontece numa altura em que os Estados Unidos acusam o Irão de querer reforçar as competências no domínio dos mísseis balísticos através do lançamento de satélites.

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