Irão pressiona Reino Unido, Alemanha e França para salvarem acordo nuclear

por RTP
Presidente do Irão, Hassan Rouhani Reuters

O Presidente iraniano Hassan Rouhani afirmou esta quarta-feira que os países europeus signatários do acordo nuclear têm dois meses para salvar o pacto firmado em 2015. O acordo nuclear está prestes a ser rasgado depois de os norte-americanos anunciarem a retirada.

As autoridades iranianas aumentaram a pressão sobre o Reino Unido, a Alemanha e a França. Os países europeus signatários do acordo nuclear estão a ser forçados a negociar sobre uma atenuação  das sanções impostas pelos Estados Unidos a Teerão.

"A Europa tem outro prazo de dois meses para negociações, acordos e retorno aos seus compromissos", alertou esta quarta-feira o Presidente iraniano.

Num discurso no parlamento, em Teerão, Hassan Rouhani afirmou que o Irão daria, até quinta-feira, o terceiro passo atrás no compromisso nuclear acordado em 2015, se a União Europeia não conseguir salvar o acordo.

Até agora, o Governo iraniano colocou em prática outras duas fases primordiais.

No início de julho, o Irão decidiu ativar a "primeira fase" da estratégia, ao aumentar o stock de urânio além do limite de 300 kg, imposto pelo Plano Conjunto de Ação (JCPOA). A "segunda fase" - enriquecer urânio além de 3,67 por cento - foi realizada dias depois.

O Presidente do Irão não especificou qual seria o próximo passo, mas revelou que este iria ter um papel bastante importante na transformação do programa nuclear do país. Acredita-se que a medida tenha a ver com o enriquecimento de urânio, ou seja, mais um incumprimento do acordo.

"O terceiro passo é de natureza extremamente importante e acelerará consideravelmente as atividades da organização de energia nuclear do país", revelou Hassan Rouhani.
Esforços diplomáticos

O acordo nuclear iraniano pode estar em vias de extinção. As autoridades iranianas já avisaram as potências europeias que, a menos que a Europa se mantenha fiel aos seus compromissos, o Irão irá retirar-se completamente do pacto.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, encontra-se a liderar os esforços da União Europeia para manter vivo o acordo nuclear iraniano depois de Donald Trump ter retirado os Estados Unidos da equação.

Numa conferência de imprensa da cimeira do G7, em Biarritz, o anfitrião Macron revelou que se encontrava em conversações diretas com o Presidente norte-americano. Donald Trump mostrou-se recetivo a negociar, mas o Irão não pareceu muito contente.

Teerão voltou a insistir no levantamento das sanções aplicadas pelo Governo norte-americano. O Presidente iraniano reiterou que o Irão não tem previstas conversações bilaterais com os Estados Unidos. Porém, caso Washington decida retirar as sanções, Hassan Rouhani vai permitir que os norte-americanos participem nas conversações multilaterais.

Apesar de as negociações entre os Estados Unidos e o Irão estarem por um fio, Emmanuel Macron não desiste de tentar segurar a corda.

Como forma de salvar o acordo nuclear, o Presidente francês decidiu oferecer uma linha de crédito, por um período de quatro meses, caso Teerão voltasse a cumprir a sua parte.

No entanto, o vice-ministro das Relações Exteriores do Irão, Abbas Araqchi, revelou que o país apenas voltará a cumprir o acordo na sua totalidade caso a União Europeia continue a comprar petróleo ou forneça uma linha de crédito adequada.

"A Europa precisa de comprar petróleo do Irão ou fornecer ao Irão o equivalente à venda de petróleo como uma linha de crédito garantida pelas receitas do petróleo, o que, em certo sentido, significa uma pré-venda de petróleo", referiu o vice-ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi.

Momentos mais tarde, a proposta francesa terá caído visto que o “Irão rejeitou um empréstimo de 15 mil milhões de dólares oferecido pela União europeia", sem fornecer quaisquer detalhes.O acordo nuclear
Firmado a 14 de julho de 2015, em Viena, o Plano Conjunto de Ação (JCPOA) tem como principal objetivo incapacitar o Irão de produzir armas nucleares.

O país do Médio Oriente garantiu que todas as suas atividades de produção e de enriquecimento de urânio tinham fins pacíficos – como a produção de energia para a agricultura ou para eventuais avanços na medicina.

No entanto, os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao qual se juntou a Alemanha, decidiram impor ao regime iraniano algumas das mais pesadas sanções económicas.
A economia iraniana tinha perdido cerca de 93 mil milhões de euros, entre 2012 e 2016, apenas em transações petrolíferas. Porém, depois de estas medidas entrarem em vigor, a economia cresceu 12,5 por cento. Mais de 83 mil milhões de euros, anteriormente “congelados”, voltaram a circular.
Este acordo internacional obrigou os iranianos a eliminarem as reservas de urânio enriquecido e a reduzirem, em aproximadamente dois-terços, o número de centrifugadores de gás num período máximo de 13 anos. Estas sanções iriam reduzir a produção de urânio e fixá-la nos 3,67 por cento.

Contudo, de acordo com as Nações Unidas, o Irão continua a produzir urânio até 4,5 por cento.
Tópicos
pub