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Israel aceita acordo dos Emirados Árabes Unidos para envio de ajuda humanitária a Gaza

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Mahmoud Issa - Reuters

Os Emirados Árabes Unidos anunciaram esta quarta-feira ter chegado a acordo com Israel para permitir a entrega de ajuda humanitária urgente à Faixa de Gaza. Os ataques israelitas continuam, porém, sem dar tréguas, mesmo depois de o Reino Unido ter decidido suspender as negociações comerciais com Telavive. A União Europeia anunciou entretanto que também irá rever os laços políticos e económicos com Israel.

O chefe da diplomacia dos Emirados, Abdallah ben Zayed Al-Nahyane, "falou por telefone com Gideon Saar, ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, o que levou a um acordo que autoriza a entrega de ajuda humanitária urgente a partir dos Emirados Árabes Unidos", refere um comunicado publicado pela agência de notícias emiradense WAM.

"A ajuda irá inicialmente satisfazer as necessidades alimentares de cerca de 15 mil civis na Faixa de Gaza", adianta.

A notícia surge numa altura em que Israel tem sido acusado de cometer genocídio em Gaza e de realizar uma operação de limpeza étnica, nomeadamente ao não deixar entrar ajuda humanitária no território.

A ONU alertou na terça-feira que cerca de 14 mil bebés poderiam morrer na Faixa de Gaza num espaço de 48 horas se os mantimentos não chegassem imediatamente ao enclave palestiniano. No mesmo dia, o Governo britânico anunciou a suspensão das negociações sobre comércio com Israel e convocou o embaixador israelita em Londres para mostrar desagrado face ao bloqueio da ajuda humanitária.

No início da semana, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel tinha de evitar a fome em Gaza "por razões diplomáticas" e anunciou uma retoma limitada da ajuda ao território palestiniano.

O líder israelita acrescentou que as "imagens de fome em massa" poderiam prejudicar a legitimidade do esforço de guerra de Israel, pelo que autorizou a entrada de 93 camiões da ONU. Desses, porém, apenas poucas dezenas entraram, de acordo com as Nações Unidas.

A par da escassa entrada de ajuda em Gaza, continuou a ofensiva israelita. Segundo as autoridades de saúde palestinianas, os ataques aéreos de Israel na última noite mataram 85 pessoas.

O Exército israelita explicou que tinha tido como alvo um centro de comando do Hamas e garantiu que tinha alertado os civis com antecedência.
UE vai rever laços políticos e económicos com Israel
Entretanto, na noite de terça-feira a União Europeia avançou que irá rever o pacto que rege os seus laços políticos e económicos com Israel devido à situação "catastrófica" em Gaza. Essa revisão vai permitir perceber se Israel está a cumprir uma cláusula de Direitos Humanos do acordo.

A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, afirmou que uma "forte maioria" dos ministros reunidos em Bruxelas se mostrou favorável a uma revisão do acordo, à luz dos acontecimentos em Gaza.

"A situação em Gaza é catastrófica. A ajuda que Israel autorizou a entrar é, naturalmente, bem-vinda, mas é uma gota no oceano. A ajuda deve fluir imediatamente, sem obstruções e em grande escala, porque é isso que é necessário", disse Kallas aos jornalistas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel veio já rejeitar as críticas de Bruxelas.

"Rejeitamos completamente a direção tomada na declaração [de Kallas], que reflete uma total incompreensão da complexa realidade que Israel enfrenta", escreveu o ministério na rede social X.


"Ignorar estas realidades e criticar Israel apenas endurece a posição do Hamas e encoraja o Hamas a manter as suas armas", acrescentou, agradecendo aos países que apoiaram Israel na reunião em Bruxelas.

"Apelamos à UE para que exerça pressão onde ela deve ser exercida - sobre o Hamas".

Segundo o Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros, "esta guerra foi imposta a Israel pelo Hamas, e o Hamas é o único responsável pela sua continuação. Israel concordou repetidamente com as propostas americanas de um cessar-fogo e de libertação dos reféns. O Hamas recusou todas e cada uma dessas propostas".

c/ agências
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