Israel alega contra-ataque. Dez palestinianos mortos na Cisjordânia e em Gaza

por Inês Moreira Santos - RTP
Os ataques israelitas na Cisjordânia e Gaza continuam a fazer vítimas Arafat Barbakh - Reuters

Depois de um alegado ataque palestiniano, atribuído ao Hamas, na madrugada desta sexta-feira, Israel respondeu bombardeando a Faixa de Gaza. A Autoridade Palestiniana indica que pelo menos dez palestinianos morreram em operações israelitas, na Cisjordânia e em Gaza, nos últimos dias.

Às primeiras horas desta sexta-feira, a imprensa internacional relatava que teriam sido disparados dois rockets desde a Faixa de Gaza em direção ao sul de Israel e que as forças israelitas os teriam intercetado. Os objetos fizeram disparar as sirenes junto à fronteira com Gaza, mas não há registo de vítimas mortais ou feridos.

Horas depois, o exército israelita anunciou que estava a realizar ataques na Faixa de Gaza em resposta ao disparo de foguetes a partir do enclave palestiniano, não tendo sido relatadas baixas. Segundo a AFP, Gaza foi a região mais atingida por estes alegados contra-ataques, tendo o Hamas – organização nacionalista e islamista da Palestina que luta contra o Estado de Israel – indicado que retaliou com baterias antiaéreas e mísseis terra-ar.

É de sublinhar que já na quinta-feira, o vice-líder do movimento islâmico palestiniano, Saleh al-Arouri, garantiu que Israel ia “pagar pelo massacre em Jenin”.

“A nossa resistência não vai quebrar e vai responder em breve”, acrescentou al-Arouri, citado pela agência noticiosa italiana ANSA.
O conflito israelo-palestiniano voltou a intensificar-se, depois de o Estado hebraico ter realizado, na quinta-feira, uma operação que descreveu como antiterrorista, no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordância, da qual resultou a morte de pelo menos dez pessoas, refere a agência palestiniana Wada.

Esta é a sequência mais mortífera no conflito entre Israel e Palestina desde agosto de 2022, quando um confronto violento entre o exército israelita e a Jihad Islâmica em Gaza matou pelo menos 49 palestinianos, incluindo combatentes e civis, em três dias.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) justificaram a operação de quinta-feira, no campo de refugiados de Jenin, como medida preventiva para travar um "iminente ataque terrorista" de um grupo jiadista palestiniano.

"Homens armados dispararam contra os nossos soldados a partir de telhados enquanto realizavam a sua importante operação", acrescentaram as IDF, nas redes sociais, numa publicação ilustrada com o que garantem ser um vídeo dos supostos "terroristas" palestinianos a disparar contra os soldados israelitas.



Em consequência, a Autoridade Palestiniana denunciou ter ocorrido "um massacre" e anunciou o fim da cooperação em matéria de segurança com Israel, pela primeira vez desde 2020.

Nabil Abu Rudeineh, o porta-voz do presidente da Autoridade Palestiniana, referiu-se ao "Capítulo VII" da Carta das Nações Unidas para a Palestina como base para "parar as medidas unilaterais". O representante palestiniano referiu ainda que a Autoridade vai "pedir de imediato ao Tribunal Penal Internacional para adicionar o processo deste massacre cometido em Jenin pelas forças ocupantes aos outros processos já na posse do TPI”.


O Departamento de Estado norte-americano lamentou a decisão da suspensão unilateral, afirmando ser "muito importante que as partes mantenham e aprofundem a sua coordenação de segurança". O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, deverá visitar Israel e a Cisjordânia na segunda e terça-feira para salientar, segundo Washington, "a necessidade urgente de tomar medidas de desescalada".

A ONU não tem registo de um número de mortes tão elevado numa única operação israelita na Cisjordânia desde que começou a acompanhar as baixas no conflito israelo-palestiniano, em 2005.

“Desde o início do ano, continuamos a observar os elevados níveis de violência e as tendências negativas que caracterizaram 2022”, lamentou o enviado da ONU para o Médio Oriente, Tor Wennesland, considerando “essencial reduzir as tensões de imediato e evitar mais perdas de vidas”.

“Estou profundamente alarmado e triste com o contínuo ciclo de violência na Cisjordânia”, disse ainda, citado pela AFP, acrescentando que a morte de dez pessoas é mais um “claro exemplo” da difícil tensão na região.

Em 2022, 170 palestinianos foram mortos em incidentes violentos com forças israelitas. Até agora, este ano, incluindo os palestinianos mortos nas últimas horas, já se registam 29 mortes na Cisjordânia ocupada.

c/ agências
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