Israel decreta a remoção de bandeiras da Palestina em espaços públicos

por Carla Quirino - RTP
Mohamad Torokman - Reuters

Esta segunda-feira, o novo ministro de extrema-direita da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, deu instruções à polícia para retirar as bandeiras palestinianas desfraldadas em espaços públicos, defendendo que a sua presença é um gesto de apoio ao "terrorismo".

Itamar Ben-Gvir, que lidera o partido ultranacionalista Poder Judaico, é o novo ministro da Segurança Nacional do governo de coligação de Benjamin Netanyahu.

Depois das manifestações do fim de semana contra o novo executivo de extrema-direita - que advertiam que a “democracia está em perigo” -, Ben-Gvir decidiu decretar a remoção das bandeiras palestinianas de espaços públicos.

O ministro de extrema-direita afirmou que agitar a bandeira da Palestina na rua corresponde a um gesto de apoio ao “terrorismo”.

“Não podemos tolerar que os infratores agitem bandeiras terroristas, incitem e encorajem o terrorismo, por isso ordeno a remoção de bandeiras de apoio ao terrorismo do espaço público para parar o incitamento contra Israel”, disse Ben-Gvir num comunicado, esta segunda-feira.

A Al jazeera vê na ordem de Ben-Gvir o anúncio de uma linha-dura e intransigente em relação às manifestações palestinianas.
Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional israelita | Ronen Zvulun - Reuters

A exibição da bandeira palestiniana em Israel tem sido reprimida há muito tempo pelas autoridades israelitas, mas a lei não as proibia. Até aqui as autoridades podiam removê-las apenas nos casos em que considerassem que havia uma ameaça à ordem pública.

Os palestinianos reagiram à nova ordem de Ben-Gvir considerando que tal decreto representa uma tentativa de suprimir a identidade palestiniana.
Democracia em perigo
Em Telavive, as ruas encheram-se durante o fim-de-semana para dar corpo a uma marcha pacífica contra o novo governo de Benjamin Netanyahu.

Milhares de pessoas empunharam cartazes com palavras de ordem como "Juntos contra o fascismo e o Apartheid" ou "Democracia em perigo".

O novo governo, com o Likud, partido de Netanyahu, a liderar uma coligação de várias formações de ortodoxas e de extrema-direita, é considerado o executivo mais à direita de sempre em Israel.
Mensagem do cartaz: "Desastre bíblico", Telavive | Amir Cohen - Reuters

Os manifestantes rotularam o novo executivo de Netanyahu de “fascista” e defenderam a igualdade e a coexistência entre palestinianos e israelitas.

Para já, os planos do governo apontam no acelerar a implantação de novos colonatos nos territórios ocupados da Palestina, o que dificultará ainda mais qualquer tentativa rumo à paz na Cisjordânia.

Os manifestantes lembraram também as posições de alguns membros do novo governo contra minorias como a comunidade LGBT.

Na rede social Twitter, Netanyahu escreveu que a presença da bandeira palestiniana no protesto de Telavive representa "uma incitação selvagem".
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