Israel envia reforços para a fronteira de Gaza em preparação para eventual escalada

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Amir Cohen - Reuters

Israel está a enviar reforços militares para a sua fronteira com Gaza. A notícia segue-se a relatos anteriores de que o exército israelita estava a elaborar um plano para uma possível operação terrestre em Gaza, enquanto prossegue uma forte ofensiva no enclave. Vários militares israelitas estiveram estacionados na fronteira de Gaza esta quinta-feira e o Hamas voltou a disparar rockets em direção ao território israelita. Segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, os militares estão a preparar-se para “todas as eventualidades de uma escalada”.

Em mais um dia de violência, Israel colocou tropas de combate ao longo da fronteira de Gaza esta quinta-feira e está em “várias fases de preparação de operações terrestres” no enclave, segundo revelou um porta-voz militar das forças israelitas à agência Reuters.

Existem militares que estão a ser destacados para as fronteiras”, avançou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, tenente-coronel Jonathan Conricus, acrescentando que esta é uma “manobra preliminar”.

Segundo revelou o porta-voz à BBC, três mil militares foram convocados e aqueles que foram destacados para as fronteiras receberam ordens do Governo para se prepararem para “todas as eventualidades de uma escalada”.

“Eles estão lá na operação da batalha, basicamente a prepararem-se para a batalha. É isso que eles estão a fazer”, explicou o tenente-coronel Jonathan Conricus. “Mas essa não é necessariamente a primeira coisa que faremos pela manhã”, sublinhou, explicando que o objetivo do exército israelita é “deteriorar as capacidades do inimigo”.

Esta quinta-feira, o Hamas (movimento islamista no poder em Gaza) voltou a lançar vários rockets contra o território israelita. Um foguete disparado do território palestiniano atingiu um prédio próximo de Telavive, provocando cinco feridos.
Israel respondeu com ataques aéreos, tendo destruído um prédio residencial de vários andares no coração da Cidade de Gaza. Segundo a agência Reuters, pelo menos um homem foi morto por um míssil israelita. As autoridades de saúde em Gaza estão também a investigar a morte de várias pessoas durante a noite que, segundo eles, poderão ter inalado gás venenoso.


"Isto é apenas o começo. Vamos atingi-los como eles nunca sonharam ser possível", disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, esta quinta-feira, ao anunciar que o comandante da brigada da Cidade de Gaza e 15 outros membros do Hamas foram mortos em consequência dos ataques aéreos.

Na manhã desta quinta-feira, as sirenes soavam em Telavive, o que fez com que milhares de israelitas fugissem de suas casas à procura de refúgio em abrigos. Perante esta guerra acesa, as autoridades aeroportuárias israelitas anunciaram que todos os voos com destino ao Aeroporto Internacional Ben Gurion de Telavive foram desviados até novo aviso.

Os confrontos entre israelitas e palestinianos intensificaram-se na segunda-feira, sendo já o mais grave conflito entre Israel e o Hamas desde a guerra de 2014.
Desde a noite de segunda-feira, foram disparados cerca de 1.600 foguetes do enclave palestiniano para território israelita, dos quais 90 por cento foram intercetados pelo sistema antimíssil, de acordo o exército.

No total, os bombardeamentos já provocaram sete mortos do lado israelita e 67 na Faixa de Gaza. Entre as vítimas estão pelo menos 18 crianças.
Há ainda registo de pelo menos 400 feridos.
Comunidade internacional condena violência
O chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken, condenou na quarta-feira o disparo de foguetes contra Israel a partir de Gaza durante uma chamada telefónica com o Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas.

"O secretário de Estado condenou os ataques com foguetes e enfatizou a necessidade de desanuviar as tensões e acabar com a violência em curso", disse o Departamento de Estado, em comunicado.

Blinken disse também "que palestinianos e israelitas merecem níveis iguais de liberdade, dignidade, segurança e prosperidade" e lamentou "a perda de vidas" nos últimos dias.

Também na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou com o primeiro-ministro israelita a quem transmitiu o seu apoio "inabalável" à segurança de Israel.

A Casa Branca disse numa declaração que, durante a sua conversa telefónica, Biden expressou o seu apoio "ao direito de Israel de se defender e ao seu povo, protegendo ao mesmo tempo os civis".

Netanyahu já prometeu, por sua vez, "continuar a agir para atacar as capacidades militares do Hamas" e de outros grupos de Gaza.
O Hamas é considerado um grupo terrorista pelos EUA e Israel.

Os Estados Unidos retiveram nas Nações Unidas uma possível declaração do Conselho de Segurança em resposta aos confrontos entre israelitas e palestinianos, que foram discutidos com urgência e à porta fechada pelos 15 membros deste organismo na quarta-feira.

A Tunísia, Noruega e China convocaram na quarta-feira à noite uma nova reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. Israel e os palestinianos deverão intervir durante esta nova sessão, que será pública, ao contrário das duas reuniões anteriores realizadas na segunda-feira e quarta-feira de manhã à porta fechada, disseram os diplomatas à agência noticiosa France-Press (AFP).

Israel recusa-se a permitir que o Conselho de Segurança se envolva no conflito e Washington, o seu mais próximo apoiante, concordou, considerando que uma declaração conjunta da ONU seria "contraproducente" nesta fase.

c/ agências
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