Israel lança grande ofensiva contra Gaza após ataque do Hamas

por Paulo Alexandre Amaral - RTP

Depois das ameaças, as forças israelitas desencadearam ao final da tarde desta sexta-feira (hora de Lisboa) uma ofensiva em larga escala contra os territórios da Faixa de Gaza. A região vivia em tensão extrema há meia dúzia de meses e a gota de água terá sido um ataque do Hamas contra militares israelitas, tendo sido disparados vários rockets a partir dos territórios. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu está reunido com as altas chefias militares.

A ofensiva foi desencadeada pelas forças israelitas depois de uma troca de tiros na faixa de Gaza entre os militares do IDF (forças armadas israelitas) e militantes do Hamas.

Quatro membros das Brigadas Izzedine al-Qassam, o braço armado do Hamas, foram mortos na troca de tiros. As forças israelitas visaram já 15 alvos relacionados com o grupo, entre os quais uma infraestrutura com instalações para armazenamento de munições, de treino, postos de observação e salas de comando.

O exército israelita informou também que morreu um soldado do IDF durante as operações.

Durante o dia, numa visita a Sderot, cidade israelita vizinha da Faixa de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Avigdor Liberman, havia deixado a ameaça de uma operação em larga escala contra o território caso os palestinianos continuassem a usar papagaios e balões incendiários para destruir os terrenos agrícolas do lado israelita.

Do lado palestiniano, foram disparados três rockets contra os colonatos, tendo dois deles sido interceptados pelo sistema de defesa israelita Iron Dome. De acordo com informações do Tsahal (exército israelita), o terceiro projéctil caiu num campo aberto próximo do kibbutz de Nahal Oz sem provocar vítimas nem estragos materiais.

O Tsahal avançava ao final da tarde que “aviões de combate das IDF iniciaram um extenso ataque visando alvos relacionados com a organização terrorista do Hamas por toda a Faixa de Gaza”.

Acrescentam as fontes militares, citadas pelo diário isralita Haaretz, que o ataque foi desencadeado em resposta “a um grave incidente envolvendo um tiroteio contra as nossas forças. O Hamas escolheu deteriorar a situação de segurança e terá agora de suportar a responsabilidade pelas suas acções”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reuniu-se entretanto com o chefe do Estado-Maior Tenente General Gadi Eisenkot e outros membros do gabinete de Defesa, além de líderes políticos israelitas e o chefe dos serviços de informações Shin Bet, Nadav Argaman, para analisarem a situação.

O enviado especial da ONU para o Médio Oriente, Nikolay Mladenov, recorreu ao Twitter para lançar um apelo veemente à contenção de ambas as partes e evitar o escalar de uma situação que é agora a mais frágil em anos na região.



O apelo de Nikolay Mladenov seguiu-se às ameaças de investida deixadas por Avigdor Liberman, com quem já falou entretanto por telefone. Liberman ameaçou a população palestiniana com uma ofensiva mais pesada do que a “Operação Margem Protectora”, que em 2014 fez dois milhares e meio de vítimas durante o mês de Agosto, a maior parte civis impossibilitados de abandonar os territórios.

O ministro da Defesa, um dos falcões do gabinete de Benjamin Netanyahu, renovava esse desejo de uma grande ofensiva que coloque ponto final às acções do Hamas e, em particular, a utilização de balões e papagaios incendiários que já custaram aos bolsos de Israel milhares de hectares de terra queimada.
Papagaios e balões incendiários
A fronteira da Faixa de Gaza com Israel é desde Março o ponto de encontro de milhares de palestinianos que arrancaram nesse mês com centenas de protestos sob a bandeira da “Grande Marcha do Retorno”, movimento inaugurado para assinalar a morte de seis palestinianos, em 1976, quando se manifestavam contra o confisco das suas terras.

Os protestos junto à rede de separação estendem-se desde há meses, tendo desde então assinalado também os 70 anos do Nakba Day (dia da catástrofe), 15 de Maio de 1948, quando foram expulsos de suas casas centenas de milhares de palestinianos com vista à criação do Estado de Israel.

Contra os snipers e os F16 das forças israelitas, os palestinianos têm vindo a utilizar balões e papagaios incendiários, estratégia visada pelo IDF quando deixou uma primeira ameaça ao Hamas de que estaria em preparação uma grande ofensiva militar nos territórios palestinianos se não pusessem fim aos ataques com os aparatos voadores.

“Estamos a tentar ser ponderados e responsáveis, mas os líderes do Hamas não nos deixam outra opção, é uma situação em que teremos de envolver-nos numa grande e dolorosa operação militar, não apenas para as aparências” e “os residentes de Gaza estarão entre aqueles que vão pagar o preço” dessa ofensiva militar, avisou o ministro da Defesa.
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