O Senado italiano bloqueou uma ação judicial contra o vice-primeiro-ministro de extrema-direita e ministro da Administração Interna, Matteo Salvini, acusado de ter impedido o desembarque de um navio com 177 migrantes.
Deste modo, o ministro da Administração Interna está a ser investigado pelo Tribunal de Ministros da Catânia, por alegado sequestro dos 177 migrantes, abuso de poder e detenção ilegal.
Na quarta-feira, o Senado teve de decidir se Salvini deve ser julgado, ou se o processo deve ser interrompido. Duzentos e trinta e dois senadores votaram a favor da imunidade parlamentar do ministro.
Salvini reiterou no Senado que a sua decisão defendeu o país da imigração ilegal. Acrescentou que está a ser acusado de um crime injustamente, afirmando que a sua atitude foi em prol da segurança do país e dos seus filhos. Por outro lado, referiu que não será o ministro que “deixa qualquer pessoa morrer no mar sem mexer um dedo”.
Numa carta que escreveu ao jornal italiano Corriere della Sera, afirmou que faria tudo de novo e que não vai desistir da sua causa. “Acredito que os juízes vão ser impedidos de me julgar”, acrescentou.
Política anti-imigração
O ministro enviou, na noite de segunda-feira, uma diretiva às autoridades italianas, na qual referiu que quem auxiliar migrantes sem a coordenação de Roma viola a ordem e a segurança do Estado italiano.
Horas antes da votação, as autoridades italianas ordenaram a apreensão do navio de resgate Mare Jonio pela violação da ordem do Governo.
Os voluntários a bordo do navio resgataram cerca de 50 pessoas na costa da Líbia e seguiram rumo a Itália. O vice-primeiro-ministro acusou a tripulação do navio “por não ter obedecido às autoridades e por ter decidido autonomamente ir para Itália apenas por razões políticas”.
Movimento Cinco Estrelas (M5S)
Luigi Di Maio, dirigente do Movimento Cinco Estrelas (M5S), apoiou as ações de Salvini, argumentando que a decisão foi apoiada por todo o governo.
Inicialmente, o M5S parecia decidido a votar a favor do julgamento de Salvini. No entanto, Di Maio e o primeiro-ministro Giuseppe Conte publicaram um documento a defender formalmente Salvini. “Se Salvini é responsável pela apreensão (do barco migrante), o governo também é responsável”, diz o documento.