Itália. Senado impede processo criminal contra Salvini

por RTP
Yara Nardi, Reuters

O Senado italiano bloqueou uma ação judicial contra o vice-primeiro-ministro de extrema-direita e ministro da Administração Interna, Matteo Salvini, acusado de ter impedido o desembarque de um navio com 177 migrantes.

Em agosto de 2018, Salvini impediu o desembarque de um navio da guarda costeira italiana com 177 migrantes, durante dez dias.
Deste modo, o ministro da Administração Interna está a ser investigado pelo Tribunal de Ministros da Catânia, por alegado sequestro dos 177 migrantes, abuso de poder e detenção ilegal.

Na quarta-feira, o Senado teve de decidir se Salvini deve ser julgado, ou se o processo deve ser interrompido. Duzentos e trinta e dois senadores votaram a favor da imunidade parlamentar do ministro.

Salvini reiterou no Senado que a sua decisão defendeu o país da imigração ilegal. Acrescentou que está a ser acusado de um crime injustamente, afirmando que a sua atitude foi em prol da segurança do país e dos seus filhos. Por outro lado, referiu que não será o ministro que “deixa qualquer pessoa morrer no mar sem mexer um dedo”.

Numa carta que escreveu ao jornal italiano Corriere della Sera, afirmou que faria tudo de novo e que não vai desistir da sua causa. “Acredito que os juízes vão ser impedidos de me julgar”, acrescentou.

Segundo a Organização Internacional de Migração, até agora, em 2019, 234 pessoas morreram no Mediterrâneo.
Política anti-imigração
O ministro enviou, na noite de segunda-feira, uma diretiva às autoridades italianas, na qual referiu que quem auxiliar migrantes sem a coordenação de Roma viola a ordem e a segurança do Estado italiano.

Horas antes da votação, as autoridades italianas ordenaram a apreensão do navio de resgate Mare Jonio pela violação da ordem do Governo.

Os voluntários a bordo do navio resgataram cerca de 50 pessoas na costa da Líbia e seguiram rumo a Itália. O vice-primeiro-ministro acusou a tripulação do navio “por não ter obedecido às autoridades e por ter decidido autonomamente ir para Itália apenas por razões políticas”.

Em declarações ao canal de televisão italiano Sky TG24, Salvini confirmou que os resgatados terão direito à comida e às roupas que necessitarem, mas que o Ministério da Administração Interna nunca autorizará o desembarque. “Os migrantes não porão um pé em Itália”, disse.
Movimento Cinco Estrelas (M5S)
Luigi Di Maio, dirigente do Movimento Cinco Estrelas (M5S), apoiou as ações de Salvini, argumentando que a decisão foi apoiada por todo o governo.

Inicialmente, o M5S parecia decidido a votar a favor do julgamento de Salvini. No entanto, Di Maio e o primeiro-ministro Giuseppe Conte publicaram um documento a defender formalmente Salvini. “Se Salvini é responsável pela apreensão (do barco migrante), o governo também é responsável”, diz o documento.

Um dos princípios fundadores do M5S é que os políticos sob investigação devem demitir-se, como forma de se distanciarem da corrupção política. Contudo, a votação de quarta-feira causou desentendimentos dentro do movimento.
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