O sítio oficial da rede social Parler anunciou que o artista Kanye West vai comprar a rede social. A quantia a ser paga pelo "rapper" ainda não é conhecida mas é esperado que a transação fique concluída no fim deste ano. Kanye West quer ver reconhecidas as opiniões conservadoras e permitir que todos se expressem livremente na rede social.
George Farmer, diretor da Parlement, empresa ligada à Parler, disse que este é um negócio que mudará o mundo e as perspetivas sobre a liberdade de opinião. “Ye [nome legal de Kanye West] está a mover-se para realizar um feito incrível no espaço da liberdade de discurso nos meios de comunicação e nunca mais haverá o medo de ser removido das redes sociais novamente”.
Farmer, que é casado com uma das melhores amigas de Kanye West, Candace Owens, prosseguiu os elogios ao rapper: “Novamente, Ye prova que está um passo à frente da narrativa dos media. A Parlement ficará honrada em ajudá-lo a atingir os seus objetivos. A Parlement continuará a operar como uma empresa independente”. De acordo com o comunicado de imprensa da empresa, a Parlement vai continuar a dar “apoio técnico e a ceder o uso de clouds privadas”.
John Matze e Rebekah Mercer fundaram a Parler em 2018. Rebekah Mercer é filha de um dos proprietários da Breitbart, Robert Mercer. Matze saiu entretanto em 2021, depois de se perceber que grande parte dos participantes no ataque ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, usava a Parler.
Depois dos ataques ao Capitólio, a rede social foi removida dos serviços da Apple e da Google Store. Apesar de se dizer por um mundo onde existe liberdade no discurso, a Apple teve de pedir novas diretivas para “moderar” as publicações e a aplicação só voltou aos serviços da Google em setembro de 2022.
Tal como a rede social de Donald Trump, Truth, ou a Gab (usa um sapo como símbolo, está associado ao movimento de extrema-direita) a Parler é semelhante no objetivo e no conteúdo.
A decisão de Kanye West vem no seguimento de mais declarações polémicas por parte do rapper. As últimas antissemitas, com as suas contas de Instagram e Twitter a serem bloqueadas. Numa outra ocasião, num desfile de moda de Paris, o artista vestiu um casaco onde na parte de trás se podia ler “White Lives Matter” (As Vidas Brancas Importam).
Numa terceira ocasião, Kanye West juntou-se ao apresentador da FOX News, Tucker Carlson, e acusou o genro de Donald Trump, Jared Kushner, de ter trabalhado com o governo israelita para ter lucros pessoais em vários negócios.
Na sua conta de Instagram, Kanye West partilhou o conteúdo de uma conversa com Sean Combs, rapper conhecido pelo nome de Puff Daddy, em que o acusa de ser controlado por judeus. A conta acabou por ser suspensa e o comité americano para os judeus considerou a publicação “anti-judaica”.
Depois da suspensão no Instagram, o rapper regressou ao Twitter e voltou a fazer ameaças aos judeus, dizendo depois que “o curioso é que não posso ser antissemita porque a comunidade negra também é judaica. Tentaram brincar comigo e estão a tentar censurar qualquer um que se oponha à vossa agenda”.
O tweet acabou por ser apagado e a conta do rapper foi suspensa.