Kiev insiste na rapidez do fornecimento de armas perante ataques de "grande intensidade"

por Cristina Sambado - RTP
Nacho Doce - Reuters

As autoridades ucranianas revelaram que os últimos ataques russos contra a cidade de Kherson, no sul do país, provocaram as mortes de pelo menos três civis. Seis pessoas ficaram feridas com gravidade. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou nas últimas horas a apelar aos aliados para que acelerem o fornecimento de armas, numa altura em que as tropas de Moscovo repetem os bombardeamentos sobre Vuhledar, no leste do país.

“Estamos cientes de que, até ao momento, há nove vítimas dos ataques russos: três pessoas morreram e cinco ficaram gravemente feridas”, afirmou o governador de Kherson na rede social Telegram.

A cidade foi bombardeada por mais de uma dezena de vezes no domingo
, como constataram os enviados especiais da RTP à linha da frente, António Mateus e Sérgio Ramos.As tropas de Moscovo tinham ocupado Kherson pouco depois da invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022 e mantiveram a cidade até novembro, quando as forças de Kiev a reconquistaram.

Os feridos receberam assistência médica e um deles permanece em estado grave.

Segundo o presidente ucraniano, entre os feridos “estão duas enfermeiras”. Os ataques russos a Kherson danificaram um hospital e uma escola.

Também no domingo um míssil russo atingiu um edifício de apartamentos na cidade de Kharkiv, o que provocou um morto.
Esta segunda-feira, as sirenes que alertam para o perigo de um ataque aéreo soaram em várias regiões do sul da Ucrânia, incluindo Odessa, Mykolaiv, Kherson e Dnipropetrovsk. A população foi aconselhada a abrigar-se.
Zelensky admite que situação em Donetsk é crítica
“A situação é muito difícil. Bakhmut, Vuhledar e outras áreas de Donetsk estão sob constantes ataques russos. São constantes as tentativas de furar as nossas defesas”, afirmou o presidente ucraniano num discurso de vídeo no final de domingo.

Zelensky recorda que “o inimigo não liga aos seus homens e, apesar de muitas baixas, mantém uma grande intensidade nos ataques”.
“O diretor dos serviços de informação considera que a situação pode mudar no futuro próximo. A Rússia espera prolongar a guerra para desgastar as nossas tropas. Por isso, temos de usar o tempo como uma arma. Devemos apressar os acontecimentos e apressar o fornecimento de armas para a Ucrânia”, acrescentou Zelensky.

Esta segunda-feira, o Estado-Maior da Ucrânia afirmou que os militares tinham repelido um ataque russo em Bakhmut, o foco da ofensiva de Moscovo na região de Donetsk,e em várias outras cidades nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Bónus para destruir tanques ocidentais

Uma empresa russa revelou que vai oferecer dinheiro aos primeiros soldados que destruam ou capturem tanques de fabrico ocidental na Ucrânia, depois de as tropas do Kremlin terem garantido que vão destruir os blindados enviados pelos aliados.

Os Estados Unidos, a Alemanha e outros países europeus estão a preparar o envio de apoio militar a Kiev nos próximos meses, numa altura em que a guerra na Ucrânia se aproxima da marca dos 12 meses de combates.A decisão de envio de tanques do ocidente foi criticada pelo Kremlin como sendo uma escalada perigosa, com o porta-voz Dmitry Peskov a afirmar que os tanques “iriam arder na linha da frente”.


Agora a empresa russa Fores, sediada nos Urais e que se dedica à indústria energética, está a acenar com pagamentos em dinheiro aos militares de Moscovo que “capturem ou destruam” tanques Leopard 2 de fabrico alemão ou Abrams de fabrico norte-americano.

A Fores revelou que vai pagar cinco milhões de rublos ao primeiro soldado russo a destruir tanques ocidentais e mais 500 mil pelos restantes. A empresa vai também recompensar com 15 milhões de rublos (cerca de 197 mil euros) o abate ou captura de aviões de caça de fabrico ocidental.
Kiev quer atletas russos fora dos Jogos Olímpicos
Volodymyr Zelensky escreveu entretanto a Emmanuel Macron para pedir que o presidente francês trave a participação de atletas russos nos próximos Jogos Olímpicos de 2024, que vão decorrer em Paris.

A tentativa do Comité Olímpico de trazer atletas russos de novo aos Jogos Olímpicos é uma tentativa de dizer ao mundo que o terror pode ser aceitável. Enviei hoje (domingo) uma carta ao presidente Macron sobre esta questão, no seguimento da nossa conversa de 24 de janeiro”, adiantou ainda Zelensky no discurso.
A Ucrânia acusa o Comité Olímpico Internacional de estar a tentar contornar as sanções internacionais e permitir transformar a França num palco para a propaganda do Kremlin.

“Nos preparativos para os Jogos Olímpicos de Paris, temos de garantir que a Rússia não os pode usar, tal como outro evento desportivo internacional, para promover a agressão ou o chauvinismo de Estado”. 
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