Lavrov de visita à Turquia com regresso de negociações com Kiev em fundo

por Lusa

O chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, iniciou hoje uma visita de dois dias à Turquia, cujos líderes tentam reunir autoridades russas e ucranianas à mesa de negociações.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo participou no Fórum Diplomático de Antalya (sul da Turquia), encontro anual para o qual são convidados os países amigos de Ancara, onde se reuniu com o seu homólogo turco, Hakan Fidan.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Turquia manteve laços estreitos com os dois beligerantes e acolheu duas vezes negociações diretas entre Moscovo e Kiev, em março de 2022.

"Devemos procurar seriamente formas de unir as partes", disse Fidan no seu discurso de abertura no Fórum de Antalya.

"Estamos prontos, como ontem, para fazer todo o possível para facilitar as negociações de paz", acrescentou.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse também esta semana que pretende "restabelecer a mesa de negociações" entre Moscovo e Kiev, afirmando também estar a trabalhar para a criação de um novo mecanismo capaz de garantir uma "navegação segura" no Mar Negro, com o qual a Turquia faz fronteira.

A criação desse mecanismo não foi, no entanto, discutido durante a reunião entre Fidan e Lavrov, disse uma fonte diplomática turca à agência France Presse sob anonimato.

O chefe da diplomacia russa sublinhou ainda que as razões que levaram a Rússia a invadir o seu vizinho "permanecem inalteradas", acrescentou a mesma fonte.

Durante as primeiras semanas da invasão da Ucrânia, a Turquia esteve ativamente envolvida na criação de um corredor seguro no Mar Negro, associando a Ucrânia e a Rússia sob a égide da ONU.

Um acordo foi assinado em julho de 2022 em Istambul e permitiu à Ucrânia exportar quase 33 milhões de toneladas de cereais, sendo denunciado um ano depois por Moscovo, segundo as Nações Unidas.

Desde então, Kiev tem utilizado com sucesso uma rota alternativa ao longo das costas da Bulgária e da Roménia, membros da Aliança Atlântica, com os quais Ancara assinou um acordo de combate à presença de minas em janeiro.

A Turquia, que continua muito dependente da Rússia para o seu fornecimento de energia, não aderiu às sanções ocidentais contra Moscovo e é regularmente acusada de ajudar a contorná-las.

Dezasseis entidades turcas foram designadas no último conjunto de sanções anunciadas na semana passada pela Casa Branca.

Em particular, trata-se de empresas que importam equipamentos contendo peças necessárias à indústria militar russa para reexportação.

O Fórum em Antalya, uma grande estância balnear na costa sul da Turquia, reúne todos os anos chefes de estado e de governo, ministros, diplomatas, empresários e investigadores.

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