Le Pen queixa-se de perseguição bancária à Frente Nacional

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Benoit Tessier, Reuters

A líder da extrema-direita francesa acusa dois bancos de lançarem uma “fatwa” para a silenciar a ela e à Frente Nacional. Como? Marine Le Pen diz que o HSBC lhe encerrou uma conta pessoal de 30 anos, ao mesmo tempo que são impostas restrições bancárias ao partido. Os bancos, Société Generale e – uma subsidiária deste – o Crédit du Nord, já admitiram estes factos e limitam-se a dizer que respeitaram os regulamentos.

“Estamos perante uma tentativa de sufocar um partido da oposição e nenhum democrata o deve aceitar”, defendeu Le Pen durante uma conferência de imprensa, instando o presidente Emmanuel Macron e a outras formações políticas francesas a apoiar esta causa da Frente Nacional.

Chamados a prestar uma explicação para estas decisões, Société Generale e Crédit du Nord afirmaram que se trata de uma resolução pensada dentro das normas bancárias e leis em vigor. O HSBC fez uso dos mesmos argumentos e escudou-se na norma de confidencialidade que protege a relação com os clientes para se escusar a qualquer outra explicação.

“As decisões para abrir ou encerrar uma conta estão ligadas unicamente a razões bancárias, sem qualquer consideração de natureza política”, explica a Société Generale.A  conta da Frente Nacional na Société Générale datará de há três décadas enquanto que a conta pessoal de Marine le Pen no HSBC tinha 25 anos.

Marine Le Pen anunciou, entretanto, que a Frente Nacional vai apresentar uma queixa contra as duas instituições. No rol entrará também a HSBC, por lhe ter encerrado uma conta pessoal. Le Pen lembrou que a conta da Frente Nacional na Société Générale data de há três décadas e que a sua conta pessoal no HSBC tinha 25 anos.

O encerramento da conta da Frente Nacional terá ocorrido no início do mês, ao que se seguiu uma ordem do Banco de França para que o Crédit du Nord para que abrisse nova conta ao partido, o que foi acatado, mas com restrições.

O banco recusou a entrega de cheques ou pagamento por cartão de crédito e a Société Generale, de que é subsidiário o Crédit du Nord, forneceu também para isso uma explicação: foram oferecidos ao partido de Le Pen todos os serviços que a lei francesa impõe.

De facto, a lei francesa impõe a conta bancária como um direito – indo ao ponto de o potencial cliente recorrer, como foi o caso, ao banco central para que designe um banco com essa finalidade. No entanto, o banco pode limitar os serviços a oferecer e pode ainda, por outro lado, fechar uma conta apenas com prévio aviso e sem explicar porquê.

A novela bancária da extrema-direita francesa e da sua líder funciona como um sublinhado das dificuldades de financiamento do partido nos últimos anos, fazendo ressoar os ecos de um empréstimo de nove milhões de euros quando em 2014 se viu obrigada a recorrer a um banco russo.

Outro elemento que não escapa à discussão é a acusação do Parlamento Europeu que pende sobre a Frente Nacional – formalmente investigada há quase meio ano – por uso abusivo de dinheiro do Parlamento Europeu para pagar funcionários da recente campanha eleitoral em França, onde Le Pen se apresentou na corrida à Presidência.
Tópicos
pub