Líbano anuncia novo governo depois de 10 meses de impasse

por Lusa

Beirute, 15 fev (Lusa) -- O Líbano anunciou hoje a formação de um governo de "unidade nacional", depois de dez meses de divisões entre os diferentes partidos, exacerbadas pelo conflito na vizinha Síria.

O novo executivo, de 24 elementos, integra a ala política do poderoso movimento xiita Hezbollah e os seus aliados, assim como o partido sunita do ex-primeiro-ministro Saad Hariri, o que ocorre pela primeira vez em três anos.

"Depois de dez meses de esforços e de paciência, nasceu um governo que protege o interesse nacional", disse Tamam Salam, o primeiro-ministro, citado por agências internacionais.

"É um governo de unidade e a melhor solução para permitir ao Líbano enfrentar os desafios", acrescentou Salam, encarregado de formar governo em abril de 2013, depois da demissão do primeiro-ministro Najib Migati.

O anúncio põe fim ao impasse de dez meses, durante o qual o Líbano não teve governo, apesar do impacto no país do conflito na vizinha Síria, com atentados à bomba e confrontos junto à fronteira mas também em Beirute e noutras cidades.

Várias tentativas para ultrapassar o impasse esbarraram nas divergências entre o Hezbollah e o partido de Hariri, tradicionalmente em lados opostos e que, atualmente, apoiam lados opostos no conflito na Síria.

O Hezbollah apoia o regime de Bashar al-Assad e enviou elementos das suas milícias para combaterem ao lado das forças do regime, enquanto Hariri apoia politicamente a oposição armada ao regime.

O acordo alcançado visa assegurar que nenhuma das forças políticas no governo tenha poder de veto sobre as decisões tomadas.

As 24 pastas ministeriais estão divididas em três grupos, com o Hezbollah e Hariri a chefiarem oito Ministérios cada um e os restantes oito entregues a personalidades próximas do presidente, Michel Sleimane, considerado neutral, e do líder druso Walid Jumblatt, considerado centrista.

O Hezbollah controla a coligação Forças do 08 de Março e Hariri lidera a coligação Forças do 14 de Março.

Fontes próximas do 14 de Março citadas pela agência France Presse consideraram que Hariri fez uma enorme concessão ao aceitar participar num governo com o Hezbollah, movimento que responsabiliza pelo assassínio do pai, o ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, em 2005.

Hariri, que justificou a decisão com a vontade de salvar o país da instabilidade, felicitou hoje o primeiro-ministro e manifestou a esperança de que a formação do novo gabinete "seja um passo positivo para o Líbano e os libaneses (...) num período decisivo da história do país".

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