Libertados três membros de ONG egipcia detidos após reunião com diplomatas

por Lusa

Os três membros da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais (EIPR na sigla em inglês) detidos no mês passado após um encontro com diplomatas ocidentais foram libertados hoje por decisão do Ministério Público egípcio, após condenações da comunidade internacional.

A Procuradoria Suprema de Segurança do Estado ordenou hoje a libertação do diretor executivo da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais (EIPR), Yaser Abdel Razek, do diretor da justiça criminal, Karim Ennarah, e do diretor administrativo, Mohamed Bashir, disse uma fonte judicial à agência de notícias espanhola Efe, que solicitou o anonimato.

A EIPR anunciou na sua conta do Twitter que os três ativistas tinham saído "diretamente da prisão de Tora" e já se encontravam nas suas casas.

Os detidos foram acusados pelo Ministério Público de "pertencerem a um grupo terrorista, divulgando informações e notícias falsas que perturbariam a paz pública, e utilizando indevidamente as redes sociais para divulgar notícias falsas", de acordo com a fonte judicial.

A decisão do procurador surge duas semanas depois de Abdel Razek, o terceiro membro da EIPR, uma das principais ONG de direitos humanos do Egito, ter sido preso.

As detenções ocorreram após a ONG ter organizado uma reunião, a 03 de novembro, com embaixadores ocidentais acreditados no país.

De acordo com o EIPR, nessa reunião discutiram "formas de apoiar (...) os direitos humanos no Egito e em todo o mundo".

Estas detenções desencadearam uma onda de condenações por parte da comunidade internacional, a tal ponto que o próprio Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio chegou a dizer que rejeitava "interferência" nos assuntos internos do país e depois a afirmar que a EIPR é uma organização "ilegal" no Egito.

Na quarta-feira, 18 organizações não governamentais, incluindo a Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI), apelaram ao Presidente francês, Emmanuel Macron, para pressionar o seu homólogo egípcio, Abdelfatah al Sisi, que está previsto viajar para Paris no dia 07, para que libertasse os ativistas detidos.

As organizações internacionais acusaram o governo al Sisi de não tolerar dissidentes políticos e a HRW diz que já foram detidas cerca de 60.000 pessoas por razões políticas no Egito desde que o Presidente chegou ao poder em 2014.

ATR // FPA

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