Líder do Irão inclinado a alianças com a Rússia e a China

por RTP
Morteza Nikoubazl - Reuters

O Líder Supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, comentou com os jornalistas presentes numa reunião de cientistas, em Teerão, que o país terá de afastar-se do Ocidente, o qual apelidou de “inimigo”. A alternativa estaria, segundo Khamenei, a Leste.

Citado pelo jornal israelita, The Jerusalem Post, o líder iraniano explicou que a solução para fazer “avançar o poder da nação” seria através da aproximação aos países orientais, já que “olhar para o Oeste e para a Europa não tem nenhum benefício a não ser ficar parados, implorar por favores e sofrer humilhações”.

Khamenei realçou ainda que o estado atual do Irão é exatamente o oposto àquele que é ilustrado pelo “inimigo” através do seu “sistema hegemónico”, acusando o Ocidente de ter uma agenda de propaganda destinada a “ilustrar uma imagem falsa, negativa e decepcionante da situação no Irão”.

A reunião, que contou com a presença da elite científica iraniana, teve como objetivo a discussão sobre a importância da ciência para o futuro do Irão. “Se conseguirmos progredir cientificamente, as ameaças dos nossos inimigos civilizacionais, políticos e económicos deixarão de ser permanentes e irão diminuir”, disse Khamenei.

A discussão sobre a importância do progresso tecnológico iraniano chegou um dia depois de os EUA terem imposto novas sanções económicas ao Irão, numa decisão que se enquadra na nova atitude severa prometida pelo presidente norte-americano, Donald Trump, contra o país.
Uma concepção que já está a ser posta em prática
Noticias veiculadas pelo canal Israel Television News Company, este domingo, e citadas pelo jornal Times of Israel, apontam para a existência de um acordo assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo iraniano, Hassan Rouhani, que irá permitir ao Irão escapar às novas sanções dos Estados Unidos sobre a sua indústria petrolífera.

O canal televisivo diz ter tido acesso a um documento do Ministério do Interior israelita que afirma que o acordo foi alcançado, o mês passado, durante um encontro diplomático, em Teerão, entre os dois presidentes – a que esteve presente o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan. O acordo consiste na exportação de petróleo bruto iraniano para a Rússia, onde é refinado e depois vendido mundialmente.

Os Estados Unidos anunciaram o abandono do acordo nuclear entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e o Irão (P5+1), em maio, que consistia num levantamento de sanções económicas por parte da China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha ao Irão caso o país do Médio Oriente desmantelasse quaisquer iniciativas de armamento nuclear no seu território e assegurasse que o seu programa nuclear estava destinado, unicamente, a projetos energéticos.

O Times of Israel explica que Trump procurou enfraquecer a economia do Irão, ao restabelecer as sanções económicas, a ponto de forçar Teerão a negociar um novo acordo nuclear que contasse com a aprovação norte-americana. O jornal refere ainda que o documento do Ministério do Interior avisa que vários Estados europeus apoiam o P5+1 e mostraram disponibilidade para deixar o Irão continuar a vender petróleo em vários mercados.

Apesar das ameaças norte-americanas que prometiam uma deterioração das suas relações económicas com a União Europeia, e mais concretamente com Alemanha, França e Grã-Bretanha caso a Europa não abandonasse o acordo P5+1, vários membros da UE pretendem salvar o acordo histórico alcançado com o Irão e discordam dos motivos que levaram os norte-americanos a abandoná-lo. A Europa argumenta que o Irão tem cumprido com as promessas de desnuclearização militar e que, por isso, não vê razões para o abandono dos EUA.

O Irão, por sua vez, espera que a UE estabeleça um enquadramento jurídico-legal para ultrapassar as novas sanções americanas que permita a continuação da venda de petróleo iraniano para os países europeus.


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