Líder interino da Renamo ausente do lugar de deputado na Assembleia da República

por Lusa

Maputo, 18 out (Lusa) - O líder interino da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, esteve ausente hoje do retorno dos trabalhos no parlamento, no qual é deputado, por se encontrar na serra da Gorongosa, o "quartel-general" do braço armado da organização.

A Assembleia da República de Moçambique retomou hoje as suas reuniões plenárias, após um interregno de cerca de dois meses, para permitir aos deputados a participação na campanha eleitoral para as eleições autárquicas do passado dia 10 de outubro.

Uma das ausências mais notadas foi de Ossufo Momade, coordenador interino da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Momade dirige o principal partido da oposição, depois da morte em maio deste ano do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, que vivia precisamente na Serra da Gorongosa.

Após a sua nomeação pela Comissão Política do partido para o cargo de coordenador interino, Ossufo Momade transferiu-se de Maputo para a Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país.

A Renamo justificou a ida de Momade à Gorongosa com a necessidade de o mesmo estar perto dos guerrilheiros do partido que vivem no local.

A Serra da Gorongosa acolheu a base central do partido, quando ainda era movimento de resistência armada, contra o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), durante os 16 anos de guerra civil no país, que terminou em 1992.

Fontes da Renamo disseram à Lusa que o partido ainda não decidiu se Ossufo Momade vai ou não suspender o seu mandato na Assembleia da República, o que terá de ser feito em consulta com o líder interino do partido.

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou no passado dia 06 de outubro o início do processo de Desmilitarização, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo.

O ato marcou a chegada de nove peritos militares internacionais liderados pelo general argentino Javier Antonio Pérez Aquino, 58 anos, cuja mais recente missão consistiu em supervisionar, para as Nações Unidas, o desarmamento de guerrilheiros na Colômbia.

O processo de DDR é a segunda parte de uma negociação que o presidente moçambicano encetou no último ano com Afonso Dhlakama, após o cessar-fogo decretado por este em dezembro de 2016.

A primeira parte levou a um acordo sobre a descentralização do poder, consumada em maio com alterações à Constituição e consequente adaptação das leis eleitorais - com as quais o principal partido da oposição ambiciona poder vir a disputar nas urnas a liderança de mais municípios e províncias do país.

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