Três líderes do movimento pró-democracia em Hong Kong declararam-se hoje inocentes na abertura do julgamento contra nove ativistas acusados de perturbar a ordem pública durante a "revolta dos guarda-chuvas", em 2014.
Chan Kin-man, de 59 anos, professor de sociologia, Benny Tai, de 54, professor de direito, e Chu Yiu-ming, de 74 anos, ministro da Igreja Batista de Chai Wan em Hong Kong, fundaram o movimento "Occupy Central" em 2013.
Entre 28 de setembro e 15 de dezembro de 2014, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros da antiga colónia britânica para exigir o sufrágio universal na escolha do chefe do Executivo de Hong Kong, nomeado por uma comissão pró-Pequim. Mas as autoridades chinesas não recuaram.
Em 2014, a ação dos manifestantes, que treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental, desencadeou manifestações mais importantes e dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.
Desde então, vários ativistas foram julgados pelo Ministério da Justiça, e alguns já se encontram a cumprir pena de prisão. Alguns foram proibidos de concorrer às eleições e outros foram desqualificados do Conselho Legislativo da região administrativa especial chinesa.
Na semana passada, o ativista Chan Kin-man proferiu um discurso de despedida para mais de 600 pessoas na Universidade Chinesa de Hong Kong, onde leciona há mais de 20 anos.
"Enquanto não formos esmagados pela prisão e pelas provações e oprimidos pela frustração e raiva, seremos mais fortes e inspiraremos os outros", disse, anunciando assim a reforma antecipada para o próximo ano.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou na passada quinta-feira feira às autoridades de Hong Kong para que retirem as acusações contra nove líderes das manifestações pró-democracia de 2014, movimento apelidado de `guarda-chuvas amarelos`.
"Essas nove pessoas não fizeram nada além de pressionar pacificamente o Governo de Hong Kong a cumprir a sua obrigação de entregar uma democracia genuína às pessoas no território", disse a diretora da HRW para a China, Sophie Richardson.
Os nove enfrentam várias acusações criminais, incluindo "incitação para cometer distúrbios públicos", sendo que os três co-fundadores enfrentam uma acusação adicional de "conspiração para cometer distúrbios públicos" e podem ser condenados até sete anos de prisão.
Recentemente, o cancelamento de eventos literários e artísticos e a recusa em permitir a entrada de um jornalista do Financial Times em Hong Kong reacenderam a preocupação com a liberdade de expressão naquele território administrado pela China.
Em 1997, na transferência de soberania de Hong Kong do Reino Unido para a China foi prometida uma semiautonomia durante 50 anos, que permitiria manter os direitos de reunião e liberdade de expressão no território.