Ligações à extrema direita. Alemanha dissolve unidade militar das forças especiais

por RTP
Forças especiais alemãs durante um treino Reuters

A ministra alemã da Defesa mandou dissolver a segunda companhia de combate do Comando das Forças Especiais (KSK). Em causa, ligações de alguns dos seus membros à extrema direita. Em declarações ao jornal Süddeutsche Zeitung a ministra afirmou que estas forças especiais "declararam-se parcialmente autónomas do resto do Exército por causa de uma cultura tóxica de alguns dos seus líderes". Razão pela qual "não podia continuar da forma atual", justificou a governante.

A segunda companhia das Forças Especiais, que já tinha estado envolvida em anteriores escândalos, será dissolvida de imediato.

Já em maio deste ano um dos seus membros tinha sido detido por esconder em casa explosivos, armas e munições roubadas do Exército. Com elas foram encontrados símbolos nazis. O militar tinha mais de seis mil munições, vários tipos de armas e pelo menos dois quilos de explosivos.

Isto depois de o serviço de informações das Forças Armadas ter detetado o desaparecimento de 48 mil cartuchos e 62 quilos de explosivos.

Um roubo que na altura deu lugar a uma investigação e que no decorrer da mesma foi possível identificar vários membros do comando como próximos dos círculos ultra-nacionalistas.

O roubo foi qualificado de "preocupante" e "alarmante" pela ministra que ameaçou mesmo com uma dissolução total do corpo de elite criado em 1996.

Para já, a ministra alemã da Defesa ordenou que fossem realizadas reformas abrangentes na unidade de elite. 

Já o secretário de Estado da Defesa, em palavras dirigidas aos parlamentares, chegou mesmo a afirmar que, "se os poderes de autolimpeza do KSK não tiverem efeito, surgirá inevitavelmente a questão de se saber se o KSK pode permanecer na sua forma atual e na sua localização atual".

Os acontecimentos relacionados com esta força especial já estão a ter efeitos reais, no terreno. Os exercícios internacionais estão suspensos e estes militares ficam de fora de missões no estrangeiro como no Afeganistão ou Mali. 

As unidades KSK vão ser susbstituídas por outras forças.
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