A City of London Corporation revogou uma condecoração concedida à chefe do Governo de Myanmar, Aung San Suu Kyi, devido à perseguição feita no país à minoria étnica Rohingya.
A condecoração reconhece a “luta não violenta travada durante vários anos a favor da democracia e a dedicação contínua à criação de uma sociedade onde as pessoas possam ser livres, pacíficas e estar seguras”.Desde agosto de 2017 fugiram da antiga Birmânia cerca de 749 mil pessoas de etnia rohingya, perseguidos pelas forças armadas birmanesas e por milícias budistas. A maioria refugiou-se no Bangladesh.
A revogação do prémio foi justificada pela associação de Suu Kyi com o regime de Myanmar durante a audiência em Haia e pela “falta de resposta às cartas do comité”.
“A decisão de hoje reflete a condenação da City Corporation pelos abusos humanitários cometidos em Myanmar”, afirmou o presidente do comité responsável pela atribuição do prémio, David Wootton.
A líder do Governo de Myanmar recebeu vários prémios ao longo da vida, entre eles o Prémio Nobel da Paz, em 1991, pela “sua luta não violenta pela democracia e pelos Direitos Humanos”.
Em dezembro, a líder do Governo de Myanmar, no Tribunal Internacional de Justiça, afirmou que a operação contra os Rohingya foi uma resposta aos supostos ataques coordenados por membros da minoria étnica a dezenas de esquadras de polícia em agosto de 2017.
Suu Kyi descreveu o conflito como interno e afirmou que, se as violações dos Direitos Humanos tivessem ocorrido, não podiam ser consideradas um genocídio.
Durante as audiências, Suu Kyi pediu ao tribunal que desistisse do caso, descrevendo-o como incompleto e incorreto, insistindo que os problemas deviam ser julgados pelo seu país.
Os ataques aos Rohingyas foram considerados genocídio pelos investigadores da Organização Mundial de Saúde.
O prémio retirado a Suu Kyi foi também atribuído a nomes como Winston Churchill, Nelson Mandela e Stephen Hawking.