Macron dá 48 horas a Lecornu para conduzir "negociações finais" e garante que assumirá responsabilidades
A crise política em França aprofundou-se esta segunda-feira, após a demissão do recém-nomeado primeiro-ministro, Sébastien Lecornu. Foi o quinto chefe de Governo nomeado por Macron em dois anos, o que aumenta a pressão sobre o presidente francês. No entanto, o chefe de Estado francês não parece ter ainda desistido e pediu a Lecornu que conduza "as negociações finais" até à noite de quarta-feira "para definir uma plataforma de ação e estabilidade para o país", garantindo que "assumirá a responsabilidade" caso estas negociações fracassem.
Macron, cujo mandato termina em maio de 2027, tem descartado repetidamente a demissão ou a convocação de eleições antecipadas, nomeando um novo primeiro-ministro queda após queda.
No entanto, para muitos, à terceira é de vez e são cada vez mais as vozes que pedem a demissão de Macron.
"Esta piada já durou demasiado tempo, a farsa tem de acabar", disse a líder do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), Marine Le Pen, que considera Macron tem de escolher entre a renúncia e a dissolução.
Mathilde Panot, do partido de extrema-esquerda La France Insoumise, disse: "A contagem decrescente começou. Macron precisa de sair".
Macron garante que “assumirá a responsabilidade”
Macron, no entanto, não parece ter ainda desistido e pediu a Lecornu que conduza “as negociações finais” até à noite de quarta-feira “para definir uma plataforma de ação e estabilidade para o país”.
Após o anúncio do Palácio do Eliseu, o primeiro-ministro demissionário escreveu na rede social X que concordou em conduzir as discussões finais e que iria informar o Macron na quarta-feira “se isso é possível ou não, para que ele possa tirar todas as conclusões necessárias".
J’ai accepté à la demande du Président de la République de mener d’ultimes discussions avec les forces politiques pour la stabilité du pays.
— Sébastien Lecornu (@SebLecornu) October 6, 2025
Je dirai au chef de l’Etat mercredi soir si cela est possible ou non, pour qu’il puisse en tirer toutes les conclusions qui s’imposent.
O jornal francês Le Figaro avança, no entanto, que mesmo que as "negociações" sejam bem-sucedidas, Sébastien Lecornu não quer ser reconduzido como primeiro-ministro.
Emmanuel Macron, por sua vez, indicou à sua comitiva que "assumirá a responsabilidade" em caso de fracasso das "negociações finais" de Sébastien Lecornu.
O chefe de Estado já descartou repetidamente a possibilidade de demitir-se, afirmando que cumprirá o mandato que lhe foi confiado pelo povo francês. No entanto, sugeriu que não afastará quaisquer meios constitucionais, incluindo a dissolução da Assembleia.