Macron quer EUA no Acordo de Paris, mas sem negociação

por RTP
POOL New - Reuters

Emmanuel Macron, Presidente francês, disse acreditar, antes da cimeira sobre o clima ter início, que os Estados Unidos vão voltar ao Acordo de Paris. A cimeira está a decorrer esta terça-feira em Paris, com mais de 50 líderes mundiais.

O Presidente francês disse, em entrevista à CBS, que pensa que Donald Trump retornará os EUA ao Acordo de Paris. Mas, apesar de ter interesse no regresso dos EUA, Macron não considera que os termos de retorno sejam negociados como pretende Trump.

Macron afirmou que são “mais de 190 países como negociadores”, o que torna difícil a negociação e, por isso, não se sente “pronto para renegociar com tantas pessoas”.

“Os EUA assinaram o Acordo de Paris. É extremamente agressivo decidir por conta própria apenas para sair, e não há como empurrar os outros para renegociar porque se decidiu deixar o chão. Lamento dizer isto”, acrescentou, condenando a forma como os EUA saíram do acordo.

Embora assuma que não poderá haver renegociação, o Presidente francês diz que o Acordo de Paris está “pronto para o receber se ele decidir voltar”.

Apesar de não aprovar a saída dos EUA e a considerar um “erro”, Macron diz que a situação gerou um “enorme impulso para criar um contra-impulso”. Isto é, os chefes de Estado e de Governo dos países que integram o acordo sentiram necessidade de agir para impedir o “desmantelamento do Acordo de Paris” e, por outro lado, serviu de alerta a muitos setores públicos e privados quanto à necessidade de agir e mudar.

“Se decidirmos não nos mexer e não mudarmos a nossa maneira de produzir, investir, comportar, seremos responsáveis por biliões de vítimas. Eu não quero ser um líder nessa situação, por isso vamos agir agora”, declarou.

“One Planet Summit”, a cimeira sobre o clima marcada por Emmanuel Macron como comemoração dos dois anos de assinatura do Acordo de Paris, está a decorrer em Paris com a participação de mais de 50 chefes de Estado e de Governo, incluindo o primeiro-ministro português.

Com o objetivo de impulsionar o Acordo de Paris sobre o clima e as mudanças climáticas, este encontro não conta com a presença de Donald Trump, que abandonou o pacto. No entanto, estão presentes mais de duas mil pessoas, do sector privado e do público, incluindo os 50 líderes mundiais, o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Junker, o secretário-geal da ONU, António Guterres, os atores Leonardo Di Caprio e Arnold Schwarzenegger e o multimilionário Bill Gates.

Após a decisão dos EUA de renunciar ao acordo, a presidência francesa marcou esta cimeira para retomar a questão da luta contra as alterações climáticas e a redução da emissão de gases com efeito de estufa.

O Acordo de Paris, assinado por quase todos os países do mundo, entrou em vigor a 4 de novembro de 2016 e visa limitar a subida da temperatura mundial reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa.
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