Madoff está a morrer e pede para ser libertado

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Bernard Madoff à saída de um tribunal de Manhattan, durante o julgamento, numa imagem de janeiro de 2009. Brendan McDermid, Reuters

Insuficiência renal, problemas cardíacos, hipertensão e insónia. Bernard Madoff está a morrer e terá apenas ano e meio de vida, de acordo com o seu advogado, que fez saber ter apresentado um pedido para comutação da sentença de 150 anos de prisão por razões humanitárias. Madoff, que tem agora 81 anos, foi condenado em 2009 por aquele que é considerado o maior esquema de pirâmide da história, tendo lesado milhares de pessoas num montante superior a 65 mil milhões de dólares.

“É um homem destruído” - foi assim que Brandon Sample, seu advogado, resumiu o estado de bernard Madoff, aquele que chegou a ser um dos homens mais poderosos do mundo financeiro e do investimento sediado em Nova Iorque.

Na última quarta-feira, Sample entregou o requerimento para a libertação do seu cliente por razões humanitárias. Bernard Madoff estará na derradeira fase da sua vida, afetado por várias doenças, todas elas graves.

Mas, mais do que isso, Madoff é um homem só, quebrado, que assistiu já na prisão à morte dos dois filhos: o mais velho, Mark Madoff, enforcou-se com uma trela de cão em 2010; Andrew Madoff morreria quatro anos depois vítima de cancro.

De acordo com o advogado, o antigo homem forte da finança nova-iorquina está atirado para uma cadeira de rodas, com necessidade de oxigénio, sofre de doença cardiovascular, hipertensão, insónia e outros problemas crónicos. A insuficiência renal será o principal problema de saúde.
150 anos de cadeia

Em 2009, um tribunal de Manhattan condenou Madoff a 150 anos de prisão. O pedido de libertação vai ser apreciado pelo mesmo juiz que o condenou, Denny Chin. Na altura, Chin classificou os crimes de Madoff de “extraordinariamente vis”.

Neste momento, Madoff cumpriu dez anos e meio da sua pena. A libertação é uma possibilidade aberta por uma lei assinada em 2018 por Donald Trump e que permite aos presos mais velhos terminarem as suas penas mais cedo, por razões de saúde.
Fraude de 65 mil milhões

Bernard Madoff terá enganado tudo e todos ao longo de décadas. Um operacional da mais alta finança de Nova Iorque, chegou a trabalhar com multinacionais e até bancos internacionais.

Já durante a bolha do imobiliário e consequente crise global de 2007-08 descobriu-se que tudo não passava de uma gigantesca fraude, um esquema de pirâmide (Esquema de Ponzi) que acumulava já perdas na ordem dos milhares de milhões de dólares.

Com o aprofundar da crise e os prolemas de liquidez, Madoff deixou de poder cobrir as obrigações mais básicas e imediatas, tendo ficado exposto um dos maiores crimes financeiros (em fundos de pensões e fundos de investimento) de que há memória. As perdas ascenderam aos 65 mil milhões de dólares.

O antigo financeiro tem vindo a cumprir pena na prisão de Butner, no Estado da Carolina do Norte, e foi recentemente colocado para as instalações médicas da penitenciária.

Se lhe for concedida a libertação, acrescentou Sample, Madoff passará a fase final da sua vida na casa de um amigo e com “as poucas pessoas que ainda se importam com ele”.
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