Mais de 12 mil cabo-verdianos protestam contra "bloqueio governamental" em São Vicente

por Lusa

Praia, 05 jul 2019 (Lusa) - Mais de 12 mil pessoas saíram hoje às ruas de São Vicente para uma manifestação contra o "bloqueio governamental" e a "má gestão" camarária, segundo a organização do protesto, no dia do 44º aniversário da independência de Cabo Verde.

Em declarações à agência Lusa, via telefone a partir de São Vicente, Salvador Mascarenhas, presidente do Movimento Cívico Sokols 2017, que esteve na organização do protesto, disse que a manifestação superou as expectativas, já que o objetivo era ter 10 mil pessoas nas ruas, mas as contas apontam para cerca de 12 mil manifestantes.

"Foi fantástico, melhor do que estávamos à espera. Ultrapassou as nossas expectativas", afirmou o líder associativo, notando que este ano houve mais envolvimento das pessoas, que já gritavam por mais autonomia com "mais vigor".

"Estamos muito satisfeitos. Atingimos o nosso objetivo que era ter 10 mil pessoas", insistiu Salvador Mascarenhas, que lamentou apenas um episódio quando os manifestantes se dirigiram para o edifício da Câmara Municipal de São Vicente, o que poderia provocar problemas com a polícia.

O momento foi ultrapassado, mas salientou que, apesar de o presidente da câmara, Augusto Neves, não se encontrar no local na altura, foi tempo de lhe "dar um recado" de que a sua gestão "não é nada aceite" pela população de São Vicente.

Sokols 2017 convocou a manifestação ainda contra o "bloqueio governamental", sobretudo por problemas de transportes de e para a ilha.

A partir de agora, Salvador Mascarenhas acredita que alguma coisa tem de mudar, e garantiu que o movimento não vai passar apenas realizar manifestações.

"A mudança tem de ser política", perspetivou, dizendo que o grupo vai começar ainda este mês a fazer um trabalho para estimular a sociedade civil, com debates e palestras, para discutir assuntos importantes para a cidade do Mindelo.

Além disso, também pretende criar uma plataforma para que apareçam candidatos independentes às eleições autárquicas do próximo ano.

O protesto de hoje foi o sexto organizado pelo Sokols em São Vicente, desde o primeiro, há precisamente dois anos, na altura contra o "centralismo exacerbado" no arquipélago.

Numa entrevista à agência Lusa, Salvador Mascarenhas disse que a ilha perdeu de São Vicente "está de rastos" e perdeu metade da sua economia nos últimos três anos, está a aumentar o desemprego e o êxodo de massa cinzenta de toda a ilha.

Também em entrevista à Lusa, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, desvalorizou a manifestação no dia da independência de Cabo Verde e pediu trabalho a todos para melhorar as condições de vida na ilha.

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